Minha mãe faleceu no início deste ano. Faria 100 anos, em 2025, e os momentos de lucidez já eram raríssimos.
Estávamos conversando, certo dia, e ela me perguntou, apontando para o céu, e a minha mãe?
Então, ao invés de responder, eu simplesmente comecei a falar das coisas que a vó fazia na cozinha, com cada fruta da época.
“Mãe lembra da vó descascando os pêssegos? Para fazer a geléia, a pessegada, os pêssegos em calda e os suco de uva?! E aquela vez que ela mandou o pêssego em calda para ser enlatado?! 12 fatias por lata, ao abrir descobriu que o responsável enlatava 10, ficando com duas fatias, de cada lata, para ele.”
Lembrei das fornadas de cucas…
Ela ria das histórias…
Era uma maneira de relembrar a sua mãe, minha vó Olga, reviver os momentos felizes.
E assim eu levava, porque não queria relembrar nela, em uns poucos minutos, um profundo sentimento de angústia e perda.
Ela não precisa saber que já tinha perdido a mãe, a irmã e o seu filho, meu irmão, verdades dolorosas, que não precisavam ser ditas.
Era muito bom fazê-la sentir uma breve felicidade, recordando daqueles que amou e as alegrias que viveu com cada um.
Por isso eu digo, mesmo valorizando a franqueza, nem sempre a verdade é a melhor resposta…
Que lindo ❤️
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