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Caneca de inox

Na minha casa tinha uma caneca de inox, antiga, com o fundo levemente amassado, num dos lados, deve ter tido alguma queda. Queimava o leite ao ferver, mas fazia o mingau de maisena inesquecível da infância.
Na falta de uma sobremesa, tínhamos a alternativa de dois sabores. Hora leite com maisena e açúcar, ora leite com chocolate meio amargo (sim chocolate, aquele dos frades) maisena e açúcar, mas havia uma coisa inalterada, o gostinho queimado ao fundo.
Imagina esse mingau, comido, inúmeras vezes, em dias frios lentamente, – relíquia de recordação.
Raramente, minha mãe cozinhava, apenas em situações especialíssimas. Fazia o sarrabulho de Natal (segundo os entendidos uma delícia, feita do sangue do peru morto, para ser assado e consumido na ceia). Confesso que nunca tive coragem para experimentar. O mingau era uma das suas especialidades, repetido toda semana.
Sabor de infância, daquelas saudades inatingíveis. Ficou lá, perdido em algum lugar, algum recanto largado, junto com a caneca, deixada para trás, nas mudanças da vida.
Tem sabores da vida que não se consegue repetir. O mingau queimadinho, da caneca amassada, está guardado, ainda sinto o aroma e o sabor.
Reflexões no isolamento pelo COVID-19
Texto longo, cheio de divagações…
É uma época de profunda reflexão de vida e conscientização, aceitação do que é possível e o que nunca mais estará ao nosso alcance… Época de aprender a conviver com a impotência.
Uma situação muito difícil a que vivemos, momento que proporciona uma análise e revisão de vida…
As digressões tomam conta dos pensamentos. Pondero sobre os possíveis cenários num futuro próximo.
Eu moro longe da minha mãe, hoje com quase 95 anos. Ela precisa de cuidados especiais e está num lar geriátrico maravilhoso, com outras dez senhoras.
Lá é cuidada carinhosamente, convive com as coleguinhas e gosta de viver ali.
Sempre estou lá no final maio, nós duas e a minha cunhada fazemos aniversário neste mês, gosto de passar com elas. Faço uma festinha para a mãe, o que não vai acontecer este ano, as visitas estão proibidas para protegê-las e eu não posso sair do meu isolamento, por ser imunodeficiente.
A nossa mente, em épocas de distanciamento social, também nos coloca a realidade nua e crua, os pés no chão e a impotência, frente a essa nova realidade.
Não sei o que vai acontecer, ainda verei minha mãe em vida?! Tem a dificuldade de chegar a Pelotas, por enquanto tenho tentado aceitar isso, mas uma coisa é a teoria, outra a prática.
Outra é, como estruturar a prática daquilo que não conseguiremos atender?! Só restou a mim de filha, eu quase morri antes dela, então tive que montar toda uma estrutura de atendimento, mesmo que eu não estivesse mais presente.
Tenho pensado na vida, evitando me angustiar, tentado fazer um planejamento dos cenários possíveis, porque não tenho o controle desta situação, mas posso torná-la mais confortável para todos.
Faz parte da minha personalidade tentar construir os cenários possíveis e fazer os planejamentos necessários. Essa foi praticamente a minha história de vida.
Acredito que, o fato de ter que lidar com a morte muito cedo, perdi meu pai com 10 anos, uma filha, muita gente amada, por fim meu irmão e também os meus problemas, me trouxe uma aceitação e normalidade diferentes de outras pessoas sobre esse assunto, falo sobre isso naturalmente, a morte já quase me pegou 3 vezes.
Cada pessoa tem uma jornada própria, eu tive que domar a minha. Muitas vezes tive que tomar as decisões dolorosas e práticas na família, deixando o sentimento escorrer por dentro, para dar apoio por fora.
O que tenho feito é me adaptar, apesar de conviver, com doenças sérias, elas nunca impactaram o modo desejado de viver, mas, há algum tempo, tenho sofrido consequências que vão me limitando fisicamente.
Então, antes do coronavírus, já estava com uma vida social mais restrita, porém fiz várias adaptações, para poder fazer o que para mim é importante. A tecnologia foi minha auxiliar constante, supera minhas limitações físicas.
Não uso mais o teclado, uso a voz para escrever, ou pelo celular ou notebook, diminuindo as dores das mãos. Faço quase tudo pela internet ou pelas redes sociais, elas ampliaram as minhas possibilidades.
Sou super resiliente, sempre convivi com as minhas imperfeições e deficiências, sem perda de qualidade de vida.
Ficar afastada da família, com risco real imediato, me traz diferentes dimensões, uma de organização, outra de reavaliação do que realmente importa.
Sim! Temos a possibilidade de dar a precedência ao que importa.
Em 2019, resolvi fazer uma pós graduação em Psicologia Positiva e vários cursos de extensão EAD. Buscar novos conhecimentos é uma das minhas escolhas prediletas, em momentos limitantes.
Sábia decisão, em um momento que sequer imaginava o quanto esses ensinamentos me seriam úteis e me trariam conforto pessoal. 
Minha busca vai além de adquirir conhecimento, é a busca de um novo propósito também.
Estou me preparando para esse incerto futuro, mais uma vez, avaliando os possíveis cenários, ainda sem qualquer perspectiva, apenas tentando ser resiliente, de novo.
Nem sempre a verdade é a melhor resposta…
Minha mãe faleceu no início deste ano. Faria 100 anos, em 2025, e os momentos de lucidez já eram raríssimos.
Estávamos conversando, certo dia, e ela me perguntou, apontando para o céu, e a minha mãe?
Então, ao invés de responder, eu simplesmente comecei a falar das coisas que a vó fazia na cozinha, com cada fruta da época.
“Mãe lembra da vó descascando os pêssegos? Para fazer a geléia, a pessegada, os pêssegos em calda e os suco de uva?! E aquela vez que ela mandou o pêssego em calda para ser enlatado?! 12 fatias por lata, ao abrir descobriu que o responsável enlatava 10, ficando com duas fatias, de cada lata, para ele.”
Lembrei das fornadas de cucas…
Ela ria das histórias…
Era uma maneira de relembrar a sua mãe, minha vó Olga, reviver os momentos felizes.
E assim eu levava, porque não queria relembrar nela, em uns poucos minutos, um profundo sentimento de angústia e perda.
Ela não precisa saber que já tinha perdido a mãe, a irmã e o seu filho, meu irmão, verdades dolorosas, que não precisavam ser ditas.
Era muito bom fazê-la sentir uma breve felicidade, recordando daqueles que amou e as alegrias que viveu com cada um.
Por isso eu digo, mesmo valorizando a franqueza, nem sempre a verdade é a melhor resposta…
Eu filha, eu mãe
Este é o texto que resolvi fazer pelo Dia das Mães.
Não vou aqui glorificar a maternidade, vou tentar ser o mais honesta e real possível, porque eu acredito que assim é a vida, momentos de amor e alguns de quase pesadelos.
Essa é a minha realidade de vida, algumas pessoas poderão se identificar outras não, é a minha história como filha e como mãe.
Ser criada em uma família de mãe com origem alemã não foi fácil, as mães alemãs não demonstram muito os sentimentos, isso seria sinal de fraqueza. Minha infância foi difícil, não queria isso para os meus filhos.
As exigências para com os filhos germânicos é quase de perfeição. Além disso não espere demonstrações de afeto. Minha avó, que amo profundamente, não está mais entre nós, demonstrava o seu gostar pelos netos pela comida, você recebia dela lanches no meio da manhã ou tarde deliciosos, doces após o almoço e seu bolo de aniversário predileto.
Minha mãe não cozinhava, era católica, quase carola, foi educada em colégio de freiras, tinha muitas dificuldades em demonstrar afeto, achava que educar era ser rígida, quase não apanhei, mas sofri com o que considerava frieza. Já com os netos crianças ela brincava como uma menina da mesma idade.
Um dia, conversando, ela me perguntou de que maneira eu havia construído a minha relação com os meus filhos. Estávamos sempre juntos, demonstrávamos o nosso amor, diferente da relação que nós duas tivemos. Como fui educada a ser distante com ela, não demonstrar afetividade, havia realmente uma distância respeitosa entre nós.
Sei que minha resposta foi dura, mas foi sincera e profunda: mãe, eu decidi fazer o oposto da nossa relação, resolvi demonstrar todos os meus sentimentos, abraçar e beijar sempre e permitir o diálogo aberto com os meus filhos.
Amei minha mãe, tivemos muitas dificuldades vida afora, mas aprendi a respeitar todos os seus bloqueios, eles foram um exemplo do oposto para mim. Percebi o que não deveria ser feito na educação dos meus filhos.
Ficamos mais próximas, a velhice dela e a minha maturidade nos uniu.
Feliz dia das Mães!
Cresça, com muita raça
Comecei este texto com um objetivo e, de repente, mudei. Por que eu mudei completamente o rumo do texto que eu iria publicar hoje?! Porque surpresas e problemas aparecem no nosso caminho a todo instante. Ía falar sobre a experiência com o Google, mas minha mulher e a vida falaram mais forte, hoje o foco será mulher, emoção e força.
Eu participei de duas etapas do Cresça com o Google e, numa delas, uma das palestrantes falou da importância de as mulheres liderarem suas próprias vidas.
Eu só digo uma coisa para vocês, tem que ser muito forte pra ser mulher, porque a vida nos dá muitas rasteiras. Nos coloca a prova à todo o momento.
Primeiro nas relações sociais, onde nos impõe regras e mais regras desde pequenas e elas só aumentam no decorrer de nossas existências. Depois no casamento e quando nos tornamos mãe, cobranças mil de comportamento e maternidade.
E, se resolvermos não casar ou não ser mãe, o mundo se acaba sobre as nossas cabeças, existe uma cobrança diária do porquê desta decisão.
Quando começamos a envelhecer, existem as cobranças com a imagem, com os cabelos, com a nossa pele, com a nossa beleza, ninguém respeita as nossas opções, simplesmente cobram. Esquecem que envelhecer é da vida!
Falando em envelhecer, já passados 3/4 do curso, me liga a cuidadora da minha mãe (meu anjo – Mara), problemas nos exames venosos, saio, tento encontrar a médica, que graças a Deus me deu seu WhatsApp. Pensei que seria um caso de hospitalização, mas não, apenas a entrada de anticoagulantes, que na idade dela é um problema menor.
Somos uma montanha russa de emoções! E a vida nos traz muitas cargas a mais.
Acordar entusiasmada por um curso, interromper o mesmo para tomar decisões relativas a precária saúde da mãe idosa. Mudar o foco em 180º em um segundo.
Vocês sabem, eu também cuido todos os dias da minha saúde e da minha energia vital, então haja raça para manter boa disposição física e mental.
Me sinto mãe da minha mãe, no mínimo uma jornada estranha, abraço um leão por dia, mas sigo em frente, firme.
Tem que ser mulher, muito mulher no mundo atual e estar preparada para as vicissitudes da vida, em um único dia, além da dupla ou tripla jornada!
Só digo uma coisa, haja o que houver, nunca, nunca se restrinja, nunca desista, afinal, você é mulher e somos fortes, mesmo na flutuação dos sentimentos e emoções!
E unidas somos muito, imensamente muito, mais fortes!
As perdas
As notícias de morte sempre me acompanharam no decorrer da minha vida, mas eu estou numa fase em que elas estão aparecendo mais e mais, cada vez mais frequentes e de pessoas mais próximas a mim, o passar dos anos nos traz perdas.
Cada dia isso me abala mais…
Tem época que se foge da lembranças, boas ou ruins, para não sofrer. Por mais distante que se vá, elas estão guardadas na sua mente, as gavetas se abrem e elas voltam inesperadamente.
Há dias que não são fáceis. Perder quem se ama ou mesmo pessoas que passaram por nossas vidas nos faz enfrentar nosso próprio destino.
Tento me preparar, há anos, para a perda da minha mãe, que fará 94 anos no mês que vem. Sei que ela está sofrendo, com a pouca aceitação da fraca qualidade de vida física e mental, isso a deixa abalada. O esquecimento do presente, a falta de todos os que já partiram, ela não entende o que ainda faz por aqui.
Nós, os ocidentais, realmente não estamos preparados para a velhice e para o enfrentamento da morte.
A vida é um caminho com destino certo, deveríamos saber lidar melhor com isso, com as nossas perdas.
2017 o ano que continuou em 2018
Gente do céu, pensem num ano difícil!
No trabalho o ano começou conturbado, joga a gente pra lá, volta pra cá, fica-se no aguardo de melhorias e nada…
Em abril começa um febrão, nos primeiros 10 dias, diagnóstico, virose, o médico mesmo diz, quando não se sabe o que é dizemos ser virose, isso na segunda.
Na madrugada de quarta para a quinta-feira os dois ouvidos estouram, vai para o pronto-socorro, começa o antibiótico. Oito dias depois um formigamento estranho na boca, parecia que a xícara não encaixava direito, vai no PS de novo, no atendimento pedi um otorrino, caí em excelentes mãos.
O médico fala, é grave vou te internar! Oi… O que?! Já ouviram falar em otomastoidite com paralisia facial (essa eu conhecia), nem eu … Me mandou imediatamente para o PS começar a medicação enquanto aguardava uma tomografia cerebral, que confirmou o diagnóstico, 10 dias de hospitalização, uma cirurgia para drenar a infecção e o rosto completamente torto.
Durante os dias de hospitalização meus diretores foram demitidos, eu sabia que também seria, segundo escalão imediato.
Saio do hospital descompensada, o médico já havia me avisado, vou te curar disso, mas, em compensação, teu corpo será todo desregulado, falou e disse, preciso que especialistas te acompanhem! Açúcar alto, pressão desequilibrada, nervos da face paralisados. Segue tratamento em casa, muita fisioterapia, visita a neurologista, cardiologista, endocrinologista, fonoaudióloga, fisioterapeuta neurológico, acupunturista, tinha uma agenda de saúde plena.
Assim que os antibióticos e corticóides terminaram já em meados de maio sinto no ombro dores agudas que me impediam inclusive de dormir, vamos para o ortopedista?! Vamos!
Exames feitos rupturas de tendão e ligamentos, quase totais. Resultado, o médico anuncia cirurgia em agosto e 2 meses de imobilização e a fisioterapia que ainda tem que completar.
Junho, finalmente férias e uma viagem planejada, desde dezembro do ano anterior, com minhas amigas, para Portugal e Espanha. Último dia no exterior chega a mensagem da minha exoneração naquela semana, já previsível. Mas cada dia da viagem compensou o que aconteceu antes e deu energias para o depois.
Julho um monte de anti inflamatório e remédios para dor para aguentar até a cirurgia em agosto.
Setembro imobilização e fisioterapia em casa.
Outubro o hospital Sarah me liga para fazer a cirurgia de vértebra deslocada, esqueci de falar, foi diagnosticada em janeiro, foi postergado devido ao tratamento de ombro e ainda estou analisando.
Tanta tensão e veio a consequência, uma convulsão, que agora está sob controle com mais medicação.
Novembro, vamos visitar minha mãe em Pelotas, tudo ótimo com passeios, já no avião vem a notícia, ela havia sido hospitalizada, bate volta Brasília/ Pelotas. No regresso, na saída do hospital, tendo em vista os cuidados necessários, levo minha mãe para uma casa geriátrica, acho que gastei minhas lágrimas nesse episódio.
No retorno a Brasília sigo direto para o hospital, infecção das vias aéreas superiores, bronquite e sinusite, mais medicação.
Passou dezembro e eu estou aqui pensando em tudo de bom que tive em 2017: meu marido o tempo todo ao meu lado, me dando o amor e o apoio que necessitei; filhos (aqui nestas palavras estão nora e genro) se revezando em cuidados comigo e me fazendo sentir o quanto sou amada; minha neta mais velha me acompanhando no hospital e se fazendo presente sempre que precisei; minhas amigas se alternando para me cuidar e me divertir; meus pequenos netos enviando mensagens de apoio no WhatsApp, pedindo para a vovó melhorar logo; uma viagem incrível para recuperar a alma e dar as forças para prosseguir; amigos de longa data e longa distância enviando mensagens de força e energia; parentes próximos segurando a onda quando eu não conseguia; minha mãe me abraçando no dia em que me despedi dela e me dizendo que me ama! Criei o blog e a Página Pós50 e o grupo de mulheres Conversando o Pré e o Pós50, pensem numa criatividade a mil!
Por mais que 2017 e 2018 também esteja sendo difícil, estamos quase em setembro e este ano também foi de médicos, exames e fisioterapia e novos diagnósticos, mas ainda consigo reconhecer o lado bom em tudo e só posso dizer – minha gente obrigada por todo o apoio!
Dou notícias…
Pelotas
Pelotas é uma cidade linda como diz uma amiga, a pequena Paris, mas muito mal valorizada no seu aspecto turístico. Eu particularmente não entendo como faz tão pouco sucesso, parece com Paris, com Buenos Aires, com a parte antiga de Montevidéu.
Possui uma praia, na lagoa dos Patos, o laranjal, que é um dos lugares mais bonitos onde eu já vivi e, mesmo tendo viajado, para mim, é um dos lugares mais marcantes, com pôr-do-sol lindíssimo, nascer do sol mais bonito ainda, quando o luar brilha prateando a lagoa é uma coisa fantástica.
Eu poderia ficar aqui falando sobre os aspectos turísticos de Pelotas, mas não é isso que eu quero abordar hoje.
Estou voltando pra lá na em breve. Apesar de ser consciente da beleza da minha cidade, não é um lugar para onde eu gosto de voltar. Para mim é o local onde eu comecei a perder os meus queridos, pessoas com quem eu convivi e a quem amei e que não estão mais comigo, ou que em breve partirão. Conforme me aproximo da cidade o coração vai apertando.
Já estive lá a passeio, junto com o meu marido, que foi para conhecer, isso ajudou bastante a segurar a minha onda.
Quando retorno sozinha, com para ver minha mãe idosa e doente, sempre fica mais difícil, as decisões sempre acabo tendo que tomar sozinha, pesa.
Peço aos céus que sempre me orientem e me guiem, nessa viagem, na vida e, principalmente, em Pelotas.
Carta da D. Zilá para sua filha Cláudia – 29/10/2017
Claudia minha filha, 29/10/2017, há a cinquenta anos Deus colocava dentro do nosso lar uma estrela e junto com ela a luz, o amor e a felicidade.
No teu álbum de bebê escrevi este pensamento: trabalha estuda e ama, pois do trabalho vem o progresso, do estudo a luz e do amor a felicidade. Conquistastes tudo isso, eras a nossa menina de domingo.
Ficastes no lugar do teu pai , nos davas amparo e segurança, mas um dia a maldade te tirou de dentro da tua casa e te tirou também a vida, aquela que só Deus podia tirá-la.
Continuas conosco filha, em cada árvore, em cada flor.
Que Jesus te abençoe e te guarde e Maria santíssima te cubra com seu sagrado manto, te amamos!
Mãe.
Mães
Se tem uma coisa que a vida não nos ensina é ser mãe. Apesar de fazermos um longo estágio com a nossa mãe, mas aí a posição é de filho, filha,isso não nos prepara para nada.
E como somos críticos quando olhamos para nossa mãe, o quanto cobramos com a nossa visão enviesada de filhos.
Eu amo imensamente os meus filhos e não sei como seria a minha vida sem eles, porque amei ser mãe.
Dificuldades?! Tive muitas, muitas mesmo, porque fui mãe muito cedo.
Muitas vezes quando olho para minha filha mais velha penso, coitada da minha cobaia. Sei que ela me preparou muito melhor para chegada do meu segundo filho.
Imagino também o quanto ela deve ter sofrido por ser a primogênita. Só tenho uma certeza, ela sabe que eu a amo, apesar dos pesares de toda sua criação.
É claro que criamos muitos traumas na educação dos nossos filhos, assim como nossas mães fizeram conosco.
Se formos avaliar a imperfeição de todas as mães, incluindo nós mesmas, percebemos o quanto o ser humano é falho, o quanto temos de dúvidas, o quanto nos pegamos despreparadas para exercer essa atividade.
Só tem uma coisa que nos preserva, o amor. Aqui não quero fazer aquele culto do pedestal à todas as mães, que eu acho completamente errado, que mãe é amor. Não acho isso não, acho que o amor, quando ele existe, porque muitas mães não amam seus filhos, nos ajuda muito na criação das nossas crianças, porque ele suplanta os erros que são cometidos.
Não existe receita para criação de filhos mas eu acredito em duas coisas amor e respeito. E quando eu falo em respeito eu também falo de limites. Tanto limites para filhos quanto limites para pais.
Eu explico, eu sempre fui dura na criação dos meus filhos, dura nos limites, nas explicações, em horas de conversa, em demonstrar os valores, em definir lugar de mãe e de filhos, porém nunca bati, não acredito nisso, acredito em diálogo. Eu tinha uma paciência imensa para explicar o que podia, o que não podia e o porquê que não podia.
Nunca dei tudo o que eles me pediram, até porque não tinha dinheiro pra isso, mas sempre pedi que eles escolhessem algo muito especial de aniversário, essa data era especial pra mim, nessa data eu queria que eles sentissem o quanto eram preciosos e por isso o presente era mais do que especial.
Não existe receita para criação de uma pessoa, penso que o diálogo o respeito e o amor sejam uma boa fórmula, esse é o caminho.
Agora, se erramos enquanto criamos nossos filhos, acertamos perfeitamente a mão quando nos tornamos avós!