
Nós merecemos
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A minha família reúne mulheres fortes, impressionante como somos fortes.
Me incluo nesse grupo porque, são minhas referências, exemplos que segui, juntando pedacinhos admiráveis de cada predecessora. Cada uma com um estilo único.
Nem sempre somos agradáveis aos olhos dos outros, alguns nos chamam de arrogantes. Aqueles que, provavelmente, confundem impetuosidade, coragem e objetividade, com arrogância.
Não lembro de nenhuma de nós pararmos em meio à adversidade. Podíamos fazer um intervalo na caminhada, apenas para analisar o modo como iríamos superar aquele momento e seguirmos em frente.
Nessa trajetória, tive uma pessoa com quem me identifiquei em muitos momentos da minha vida, um modelo a seguir e, tenho certeza, que ela viu em mim uma miniatura sua, em várias situações.
É uma mulher linda, que, nonagenária, ainda guarda essa beleza. De convicções fortes e sorriso largo.
Foi meu exemplo de simpatia constante, de dedicação profissional, de vida universitária, de perseverança e apoio incondicional.
Nem consigo contar os tantos momentos em que a procurei, fosse pra corrigir um trabalho, ou para conversar, ou apenas procurar um abraço.
Sentávamos a mesa pra tomar um café e muitas vezes comer uma torta de chocolate, que ela sempre amou. Nossa convivência era diária, até os meus 25 anos. Sua casa sempre fez parte da minha vida.
Em muitas ocasiões da vida fui abraçada, de perto e de longe.
Dela vinha a solução nos impasses de família com minha mãe. Mesmo sendo a irmã mais nova, era quem minha mãe ouvia.
Nunca falamos sobre a minha liberação para cursar mestrado em Brasília, mas eu soube da sua discreta intervenção, para que eu fosse liberada, depois de muitas idas e vindas burocráticas. Ela sabia o quanto era importante para mim e eu sempre guardei imensa gratidão.
Muitas vezes também fomos as bicudas que não se beijaram, de temperamento e opiniões fortes, tão grandes quanto o respeito mútuo.
Assisto impotente e de longe as dores que a idade tem-lhe impingido.
Minha mãe e ela não moram mais juntas, as necessidades e cuidados constantes que minha mãe precisa me fez optar por uma casa geriátrica. Chorei dias e dias por essa decisão. Não queria separar as duas, que nunca vi discutir, amigas inabaláveis.
Saber da fragilidade dela me dói, assim como me doeu constatar a da minha mãe.
Hoje, do hospital, ela enviou um recado para a minha mãe, que agora vive num mundo próprio, da sua infância, esperando as cucas de natal da minha avó assarem: seja feliz. Chorei…

O meu marido às vezes pede, que nos finais de semana, eu não acesse os canais políticos, ele sabe da minha constante preocupação, com o nosso país e o nosso povo brasileiro, muitas noites perco o sono, mas eu não consigo, está em mim acompanhar a política o tempo todo, é de família e de profissão.
Ele sabe o quanto o crescimento do feminicídio, das pessoas desamparadas, as agressões aos LGBTs, ao meio ambiente, aos mais pobres, aos indígenas, aos pequenos agricultores, a educação, a saúde, com tantas agressões a tudo e a todos, eu devo estar esquecendo alguma área aqui, me desestabilizam.
Difícil manter a esperança, querido diário, quando vejo que este desgoverno ainda tem tanto apoio, é desumano!
Ser a resistência nessas horas nefastas traz uma dupla responsabilidade, conosco e com os outros. Você sabe que não pode parar, que não pode se abater, que não pode deixar pra lá, em nenhum momento, em nenhuma hora.
O cansaço emocional chega, nos abala, nessa hora precisamos nos afastar temporariamente, para renovar as energias e voltar a defesa inquestionável dos valores humanos.
Quando vejo a declaração do Candido Bracher, presidente do banco Itaú Unibanco, confesso que perco parte da esperança no ser humano: “As reformas deixam o Brasil em uma situação tão boa como eu nunca vi em minha carreira”.
Boa para quem querido diário?! Para os quase 13 milhões de desempregados, para as pessoas que estão morrendo de frio nas ruas, para os desabrigados em número crescente, dormindo embaixo das marquises, para a fome que voltou ao Brasil, o país está bom para quem?!
Está bom para quem investe em bancos, bolsa de valores, que vivem do capital pelo capital. Esses realmente comemoram.
Ai lembro da propaganda dos Médicos sem fronteiras, que fala: “podemos ser violentos, insensíveis, cruéis, egoístas, indiferentes, mas só quem pode salvar a vida de um ser humano é outro ser humano.” Aí eu respiro fundo e penso que um de nós pode salvar o outro.
Todos os dias recomeçamos, porque somos a #resistência!
Querido diário eu gostaria de agradecer, imensamente, ao senhor presidente o decreto funesto de permissão do porte de armas e o aumento para aquisição de 5mil unidades de munição, ao invés das 50 hoje permitidas.
Contra tudo e contra todos, inclusive as pesquisas nacionais e mundiais, agora várias categorias de cidadãos poderão conduzir suas armas carregadas.
Como mulher, eu também gostaria de agradecer, querido diário, porque agora aumentou as probabilidades das mulheres sofrerem mais feminicídios, cujos números já são assustadores.
Como cidadã, eu também gostaria de agradecer, porque já discussões, onde as pessoas puxaram armas e atiraram a esmo, matando uns aos outros e a quem estava só passando.
Posso citar, querido diário, um caso acontecido no distrito federal, onde um policial civil, por estar irritado, num congestionamento, atirou e atingiu uma criança, dentro de um carro.
Como mãe, eu me assusto com a possibilidade dos acidentes domésticos, com as crianças que terão acesso as armas liberadas.
Como a pessoa, eu fique pensando tristemente, na possibilidade do aumento dos números de suicídio, pela facilidade ao acesso às armas.
Os próprios policiais numa blitz, querido diário, ao enxergar uma arma dentro de um carro do cidadão, qual será a reação deles? Eles também estarão à mercê da morte, ou matar ou morrer.
Foi pensado, no momento desta liberação, que as armas que são roubadas, em sua maioria, vão parar nas mãos do crime organizado?!
Provavelmente, com os conflitos agrários que temos no Brasil, a zona rural vai virar um faroeste!
Deixo aqui uma pergunta, querido diário, a arma é um instrumento de ataque ou de defesa?!
Querido diário por que antecipar esse tipo de liberação, se no Congresso já estava tramitando um projeto de lei que analisava o assunto?!
Essa provação foi eleitoreira e oportunista. Não tem nada a ver com segurança pública e sim com interesses empresariais.
A quem esse decreto beneficia, efetivamente?! Para mim só tem uma resposta: a indústria do armamento!
Querido diário eu me pergunto quantos eleitores do Bolsonaro estão arrependidos de terem votado nele?
Sei que vários professores votaram, mesmo sem nunca terem visto uma mamadeira de piroca numa creche, uma aula de abuso sexual em suas escolas e nem tão pouco a doutrinação marxista, de que falam… Me pergunto como esses profissionais estão reagindo a retirada dos cursos de filosofia e sociologia do ensino superior, se concordam com as mudanças na educação, com o novo ministro e com as propostas estapafúrdias, com o corte de verbas para as bolsas de pesquisa?
Também sei que alguns amigos, que defendem um mundo com atenção a natureza, a sustentabilidade e a preservação das áreas de Proteção ambiental também votaram neste candidato. Aí me ocorre a mesma indagação, satisfeitos com o desmonte do CMBIO, do IBAMA, com o descaso com o meio ambiente, com a perda de grande parte da equipe técnica demitida, com mais de 20 anos de experiência na área? E a proteção da natureza e das águas, com os mais de 400 agrotóxicos aprovados? O desmatamento da Amazônia, a invasão pelos grileiros e pelas mineradoras das terras indígenas preservadas? Como eles estão se sentindo com isso?
E as pessoas da saúde? Milhares de brasileiros sem atendimento médico, principalmente no interior do país, porque os médicos cubanos foram mandados embora e os brasileiros só assumiram em lugares convenientes. Hoje os hospitais estão cada dia mais lotados, porque as unidades de saúde foram fechadas ou estão sucateadas. Como estão sentindo?! Sei de uma médica, porque ela me disse, com mais de 20 anos de profissão, que a é primeira vez que tem vontade de se demitir do hospital público, porque ela gostaria de estar atendendo os casos graves, da área dela, AVC, infarto do miocárdio, mas está atendendo gripes, resfriados, infecções de garganta, porque a população não tem mais posto de saúde… O atendimento básico à saúde acabou!
Segurança pública, estão gostando? A única coisa que eu tenho visto é a morte de pessoas sem qualquer ligação com o crime, de trabalhadores, não estou vendo nenhum combate ao crime organizado e as milícias. As taxas de feminicídio aumentaram drasticamente. As mulheres se sentem mais seguras com a liberação do porte de arma?! Passou a sensação de que é possível ser estuprada a qualquer momento?!
Quem votou nele está gostando da reforma da previdência? Ou vai ser atingido por essa reforma em cheio?! A reforma que não mexe com privilégios de bancos, que aumenta o soldo dos militares significamente (em alguns casos em até 73%), que não mexe com grandes fortunas. O cidadão comum tem que pagar impostos, o de renda e todas as taxas impostas pelo governo, como IPVA e o IPTU. E para as grandes empresas o governo é um pai cheio de bondades, tem parcelado seus devidos impostos, inúmeras vezes, com imensos descontos, sem necessidade alguma, tem até um cidadão que conseguiu parcelar em 104 anos.
Os ricos não pagam taxas pelo seus aviõezinhos, nem pelo seu jet-ski, pelo seu iate, podem voar e navegar livremente, sem taxa nenhuma, sem imposto nenhum por esses bens de nenhuma necessidade, você está sentindo representado?
Não questiono nenhuma pessoa da área da economia liberal, essas votaram conscientes com o que pensam, com o desmonte do estado, na desestatização, de acordo com o pensamento liberal. Votaram por este motivo, são extremamente coerentes com seu voto, até tinham outros candidatos para votar: o Alckmin, o João Amoedo, o Meirelles, até mesmo o Ciro Gomes, que já foi ministro da fazenda. Temos aqui um fato concreto, não quiseram arriscar, preferiram votar num inepto e inapto, apostando em Paulo Guedes.
E os filhos querido diário, o que é isso?!
Querido diário tem sido difícil assistir a tudo isso, como já falei antes, mas eu sabia que tudo isso iria acontecer e por isso repudiei desde o início este candidato. Eu não tenho nenhum arrependimento do meu voto.
querido diário como viver nesse país onde as pessoas deixaram de se importar e agora o que realmente importa?! É só o dinheiro, o capital, o dólar, a bolsa? Qual o cidadão comum que aplica o seus parcos recursos nesses lugares ?! Aliás, aplicar o quê?! Muitos deles estão desempregados e nem se sustentar e a sua família conseguem…
Trocaram o ser pelo ter! Só que quem vai ter não é o povo brasileiro, é aquele que sempre teve e cada vez terá mais!
Querido diário,
Resolvi registrar o que vem acontecendo no Brasil, porque é tão surreal que eu não sei se eu vou lembrar daqui alguns anos, por tudo que nós temos passado com esse senhor presidente.
Eu não votei nele, nesse presidente que está aí, porque, na época do pleito eleitoral, ele parecia ser machista, homofóbico, xenófobo, misógino, enfim uma série de “qualidades” que eu queria bem longe de mim e do meu país. Estou estupefacta, ele é realmente tudo isso!
Ontem, querendo defender o Brasil de uma ameaça gay estrangeira, o nosso presidente ofereceu as mulheres brasileiras para os turistas virem para cá treparem.
É um termo forte, né?! Mas é assim que nós mulheres nos sentimos com esse tipo de fala, tratadas como objeto.
Veja bem querido diário o sexo seria só com as mulheres, só homens com mulheres, melhor explicando, homem com homem não pode, mulher com mulher também não!
Eita, já pensou se no Brasil tivesse turismo sexual?! Já pensou se no Brasil tivesse turismo sexual com crianças, com meninas?! Ainda bem que este senhor pensa no seu país e num ato de bondade oferece só as mulheres do Brasil para transar com turista!
Querido diário eu queria dizer vários impropérios, neste momento, mas eu te respeito, os palavrões seriam para ele, não para você.
Eu confesso que fico bem indignada quando os homens resolvem legislar sobre assuntos de mulher. Gravidez, pílula, pílula do dia seguinte…
Acredito que, se eles parissem, entenderiam melhor onde não deveriam meter a colher.
Quando um ser que carece de discernimento resolve que vai legislar sobre a pílula do dia seguinte eu me pergunto, é de má-fé?!
Qual das mulheres que me leem gostaria de ter mais de 10 filhos, como suas avós e bisavós?! Uso de contraceptivos é uma conquista, inclusive tratam ovários policísticos. Qual mulher que, ao ser estuprada, não quer ter acesso à pilula do dia seguinte?!
Sinceramente, não diz respeito aos homens interferirem nos direitos adquiridos das mulheres. Em 2015, quase 30 milhões de lares eram comandados por elas (Pnad). Se sequer conseguem dar conta de seus filhos, como querem legislar sobre quem os terá?!
Mulher o direito de decidir sobre o seu corpo é somente seu. Se quiser ter filhos, tenha, se não quiser, não tenha, mas a escolha é unicamente sua!
Segue a minha sugestão, deputado, por favor, vá cuidar de outros assuntos, Vossa Excelência não é mulher, não lhe cabe legislar sobre o que acontece com o NOSSO CORPO!
…Consideram-se micro abortivos o dispositivo intrauterino (DIU), a pílula só de progestógeno (minipílula), o implante subcutâneo de liberação de progestógeno (Norpant), a pílula do dia seguinte, a pílula RU 486, a vacina anti-HCG e qualquer outro dispositivo, substância ou procedimento que provoque a morte do ser humano já concebido, ao longo de toda sua gestação, sobretudo antes da implantação no endométrio.”
“Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter… Calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz. E então, só aí poderás julgar. Cada um tem a sua própria história. Não compare a sua vida com a dos outros. Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida.” *em busca da autoria, muitos atribuem erroneamente a Clarice Lispector
Resolvemos instituir o dia primeiro de janeiro como o do Direito Delas – o da nossa forte união pelos nossos direitos, o das mulheres, o das nossas conquistas!
E agora, que instituímos esta data, queremos dizer que, nenhum, absolutamente nenhum, dos nossos direitos adquiridos nos serão retirados e vários serão conquistados.
Decretamos que somos mulheres poderosas e empoderadas e sabemos exatamente o que queremos e a que viemos e, portanto, não nos provoquem.
Porque agora, de mãos dadas, unidas e fortes vamos mostrar quem somos, o que temos, o que queremos e o que vamos conquistar. Não baixaremos a cabeça para qualquer autoritarismo.
Quando uma de nós na caminhada da vida tropeçar e perder o equilíbrio, nós estaremos lá, juntas, para lhe amparar, sustentar e colocar no prumo novamente.
Se chegar o vendaval seremos a rocha que mantém umas às outras. O alicerce que não se deixa abalar.
Somos mulheres, o feminino, a força motriz da natureza, temos umas às outras.
Que venha 2019, ninguém solta a mão de ninguém!
A desigualdade de gênero está em todos os lugares, apenas 5% dos cargos de chefia e CEO de empresas no mundo são ocupados por mulheres, segundo pesquisa da OIT. No Brasil, as mulheres estudam mais, porém recebem salários menores que os homens, para desempenharem as mesmas funções.
Pare, leia e reflita sobre o texto a seguir da Onu Mulheres:
“O mundo do trabalho está mudando de um modo que terá consequências significativas para as mulheres. Por um lado, os avanços tecnológicos e a globalização trazem oportunidades sem precedentes a quem tem a possibilidade de acessá-los. De outro lado, estão o aumento do trabalho informal, a desigualdade de salário e as crises humanitárias.
Apenas 50% das mulheres em idade de trabalhar estão representadas na população economicamente ativa no mundo. Os homens representam 76% dessa força de trabalho. A esmagadora maioria das mulheres trabalha na economia informal,
sustenta o trabalho de cuidados em casa e está concentrada em empregos com menor qualificação e que pagam salários mais baixos, tendo pouca ou nenhuma proteção social.
Alcançar a igualdade de gênero no mundo é indispensável para o desenvolvimento sustentável. A celebração das Nações Unidas neste 8 de Março busca a todas as pessoas-chave para dar o passo decisivo pela igualdade de gênero, por um planeta 50-50 em 2030, para garantir que o mundo do trabalho beneficie a todas as mulheres.”
Se já existe uma diferença enorme de diferenças no mundo profissional entre homens e mulheres, na área de ciências exatas e tecnologia ela se torna abissal.
” As mulheres têm apenas 18% dos títulos de graduação em Ciência da Computação e representam 25% da força de trabalho da indústria digital, conforme alerta global da ONU Mulheres sobre as desigualdades de gênero nas carreiras de ciências exatas e tecnologia.
No Brasil, o percentual de mulheres nas áreas de Tecnologia da Informação (TI) é ainda menor. Elas são apenas 20% dos mais de 580 mil profissionais de TI que atuam no país, segundo a PNAD/IBGE 2016 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).”
Se considerarmos que a 3ª revolução industrial é a tecnológica, como faremos para incluir digitalmente as mulheres e as meninas?!
Temos que falar em empoderamento feminino, igualdade de gênero e não ignorar que todos os avanços e direitos conquistados pelas mulheres, até então, que foram extremamente ameaçados no último governo, instalado em 2019.
Os empregos na área de tecnologia da informação aumentaram significativamente depois 2020, mais de 1,4 milhão de vagas, falta mão de obra qualificada e faltam mais ainda mulheres atuando neste setor.
Pensando no futuro a Sociedade Brasileira de Computação (SBC) lançou, desde 2011, o projeto Meninas Digitais. O propósito é despertar o interesse das estudantes dos últimos anos do ensino fundamental e do ensino médio, para incentivá-las a seguir uma carreira na área de computação e formar agentes multiplicadores.
Capacidade não nos falta, conquistar mais este espaço é somente mais um desafio na nossa caminhada como mulheres.
Na parada de ônibus, voltando para casa, ela se perguntava como seria o encontro com o marido. Ao levantar ele não lembrou do seu aniversário, no mesmo dia, indo almoçar ela lhe telefona, convidando para almoçar, ele diz que está ocupado. Mais tarde pergunta se irão comer uma pizza, ele responde, quer gastar mais do que já gasta?!
Que dia! Fora os cometários da vizinhança que ela estava mesmo levando um par de chifres, que ignorava solenemente. O que valia para ela era ter seu homem em casa, lhe amando, mas nem isso percebia mais, o carinho de antes.
A verdade é que naquela noite, mais do que nunca, ela desejava uma grande demonstração de atenção, queria se sentir viva, mulher, ansiava por carinho. Não só porque era o seu aniversario, porque sentia saudade dos dias que se sentia poderosa.
O ônibus chegou, sentada no degrau, único lugar que encontrou, começou a chorar, não conseguia segurar as lágrimas de frustração, do tanto que tinha investido naquela relação, elas escorriam a vontade, perceptível a quem participava do mesmo transcurso.
Um colega de viagem se aproximou, falou que percebeu a sua tristeza e se podia ajudar, ela mal conseguia balbuciar, disse, é meu aniversário. Ao que ele respondeu, tanta desolação, porque envelheceu um ano mais?! Ela declarou, não, não é por isso, é porque ninguém lembrou, nem meu marido.
Para surpresa dela ele gritou – gente é o aniversário da moça aqui, quero um parabéns cantado bem alto. No inicio levou um susto com o povo todo cantando, aos poucos as lágrimas sumiam e davam lugar a um sorriso envergonhado. Que coisa louca essa vida, a empatia vinha de um desconhecido, que ao final lhe tascou um beijo inesperado, dizendo, você é uma mulher linda, não merece lágrimas. Fica bem!
Desceu do ônibus sem sequer saber quem era o rapaz ou seu nome. Seu dia era outro, melhor, sua noite, afinal era uma mulher bonita, para quem um ônibus inteiro cantou parabéns.
O marido, isso era outra história, com o tempo ela veria o que fazer…
Conto de Adrianafetter
Que palavra que gera confusão na nossa sociedade! Não vejo sequer motivos para isso.
Há uma nítida confusão entre femismo e feminismo. Sabem a diferença?! O femismo prega a superioridade das mulheres em relação aos homens. O feminismo a igualdade de direitos, de gênero e acesso às mesmas oportunidades.
Sim, feminismo é uma palavra que pressupõe lutas, não por disputa, mas para se conseguir a aceitação de que, independente de sexo, todos temos os mesmos direitos, o que atualmente não existe.
E é exatamente esta luta que parece agredir quem dela não participa, ou ainda não se sentiu representada, ou ainda, quem assimilou profundamente os conceitos da sociedade em que o homem lidera e comanda.
Existe uma vanguarda mais agressiva?! Claro que sim, em qualquer movimento que propõe conquistas sociais, mudanças no que está estabelecido há anos, sempre haverá uma vanguarda, sempre teremos as que fazem a política do movimento e o enfrentamento com aqueles que não o aceitam e certamente serão as mais agredidas também.
Em tempos tão violentos, em sociedades tão desiguais, em costumes agressivos, mutilações, perseguições impostas as mulheres, não é possível desejar viver em paz e ser tratada com respeito?! Não se pode pensar em ser considerada para as mesmas oportunidades que as masculinas?!
A igualdade de gênero, traria evolução e engrandecimento nas relações interpessoais.
Vejo termos nefastos, depreciativos, desrespeitosos para falar das mulheres que, como eu, se intitulam feministas.
Me sinto atingida por todas as ofensas dirigidas a outras mulheres.
O mais interessante é que quando penso em feminismo me vem a mente o que considero o maior homem feminista de todos os tempos, Jesus, aquele que sempre pregou contra a opressão das minorias, que pregou uma nova maneira de se viver em sociedade, e deu um tratamento respeitoso a todas as mulheres de sua época. Convivia e incluía as mulheres em suas pregações. Jesus pregou para os oprimidos.
E aqui relembro, enquanto os homens se esconderam por ocasião de sua crucificação, as mulheres choraram ao pé da cruz, pelo amor, atenção e respeito que lhes foi dedicado.
Acho que sequer preciso falar em Maria Madalena…
Então, se, há milhares de anos, esse homem entendeu a importância de se tratar todos de forma igual, com respeito e amor, por que essa busca hoje traz tanta perturbação?!
Resumo minhas palavras assim: respeito, igualdade de direitos, amor ao seu igual.
Desejo que todas as mulheres, e anseio para as minhas netas e todas as que virão, tenham um mundo mais justo, respeitoso e amoroso.
Todos os dias no metrô ela dormia às vezes sentada, quando dava, outras em pé mesmo, encostada aproveitava os infinitos minutos, até chegar ao destino.
Essa era a rotina, levantar, arrumar rapidamente o café, lavar a louça e sair correndo para pegar o ônibus, para conseguir entrar no metrô as 6h.
A vizinha levaria as crianças para a escola, deixava a mesa posta com o café e elas de uniforme, as vestia mesmo dormindo, para não dar trabalho para a amiga.
O marido?! Já tinha se ido, achado outro caminho, sequer tinha notícias dele.
O sustento da casa era por conta dela, mas comida na mesa tinha. Podia ser pão dormido com café, arroz e feijão com ovo, mas tinha. Morar no subúrbio era o que dava, no momento.
Sempre dizia às filhas: estudem, nunca dependam de ninguém, a vida só é vivida assim, façam seu próprio caminho.
Nem ela sabia como tinha chegado ali, tanta luta todos os dias. Tanta caminhada para ganhar a comida e o aluguel, mas pelas filhas e o seu futuro valia cada passo.
Estudou até finalizar o segundo grau e casou. Então as meninas teriam muito mais do que ela teve, essa era a meta. Para elas muito mais que ser manicure, indo até as clientes, para completar as necessidades da família. Ela lutava e não recuava em nada.
Sua salvação sempre foi o que sabia fazer, fez um curso profissionalizante curto, mas dava para o sustento. Também escovava o cabelo das clientes mais próximas e sabia maquiar, quando pediam.
No metrô dormia, benditos minutos para o corpo e para a cabeça, a sua porção de tranquilidade.
conto de Adrianafetter
Ela tinha um olhar triste, o horizonte parecia não ter fim, assim como o seu sofrimento.
Não entendia o porquê de continuar ali, na verdade só fazia pela filha, queria lhe dar um futuro melhor que o dela.
Respirava fundo a cada dia e pensava, ela merece ter uma vida melhor que a minha.
Os dias passavam lentamente, quem mandou não estudar?
Dependia completamente do salário do marido, pelo menos ele pagava o estudo da menina e o plano de saúde, para ela restava a fila do postinho.
Antes do casamento todos lhe diziam é um partido de ouro você tirou a sorte grande, ela também pensava assim.
Homem estudado, tinha feito administração, trabalhava numa boa empresa ía lhe dar uma vida de futuro.
O futuro foi uma casa para limpar, que ele sempre dizia que não brilhava o suficiente, a comida para fazer, que nem aos pés chegava perto da da sua sogra e as roupas para lavar e passar. O esposo reclamava sempre do colarinho, não estava branco como deveria e sequer bem passado. Para que casara com ela, então?!
Tinha pensado em ser normalista, mas o pai não aprovara, isso iria atrasar o casamento e o genro o agradava muito, não queria que a filha perdesse essa grande oportunidade na vida.
Rita via os avanços da sua filha, melhor aluna na escola, valia qualquer sacrifício, ela realmente venceria, ficaria nesse casamento infeliz, a filha se formaria, como o pai, ela compensava sua tristeza com isso.
O inesperado um dia aconteceu, ela se apaixonou platonicamente pelo colega do marido, que sempre era convidado para sua casa.
A tratava com gentileza, um dia levou flores para agradecer pelo jantar. Percebia nele a amabilidade que nunca tinha visto seu marido lhe dispensar. Respondeu com um sorriso tímido: não precisava.
Ficava esperando Juvenal convidar o Roberto mais seguidamente, esses pequenos momentos lhe preenchiam o coração, mas não queria dar na vista, nem para o marido nem para a visita.
Bastava aquela visita para compensar os dias de tédio. Caprichava no jantar, sempre seguidos de elogios do convidado.
O marido, por sua vez, quando Roberto ía embora, lhe dizia: pelo menos na frente dos meus amigos eu não passo vergonha com a sua comida, por que não cozinha assim todos os dias? Podia caprichar mais para mim.
Ela nem ligava mais para as reclamações, estava feliz, não sabia explicar, mas estava feliz. Sua auto-estima aumentou. Resolveu mudar.
Procurou cursos na internet, em casa mesmo, queria se atualizar, preencher suas horas vagas.
O primeiro que encontrou que lhe agradou, como fazer uma maquiagem leve, sem muitas complicações. A partir daquele dia, seu rosto maquiava.
Depois achou um de empreendedorismo, o marido sempre falava nisso, ela quis entender do que se tratava, como gostou desse curso, pensou nas possibilidades de ganhar um dinheirinho próprio. Só não sabia como. Então pensou nos brigadeiros das festinhas da filha.
Fez um teste, uma panela de brigadeiro bem caprichada, enrolou bem bonitos. Ofereceu para S. Walter vender os doces na mercearia. Ele aceitou, deu um aviso: fico com esses se venderem bem encomendo mais. Vendeu!
Aos poucos Rita foi adquirindo uma chama interna que a impulsionava a crescer, percebeu que não dependia dos elogios de Roberto, mas que foi muito bom ter sido elogiada. Fez com que ela percebesse sua própria existência, descobriu a motivação.
Roberto deixou de ir jantar, trocara de empresa, mesmo assim isso não a abalou, tinha retomado sua felicidade interior, se gostava, se bastava.
Crescia com novos cursos descobertos, já fizera de o brigadeiro gourmet, bolos caseiros, de festa, investia no que entendia e gostava de fazer. Pela primeira vez se sentia valorizada por algo que executava.
A vizinhança encomendava, entrava um dinheiro extra, até a relação com Juvenal estava diferente, parecia que lhe respeitava mais.
Rita via o quanto se gostar transformava aos poucos a sua vida, ela se dera respeito e se fazia respeitar.
Aos poucos o horizonte se ampliava, ela se transformava e sua vida também.
Conto de Adrianafetter
Rute pegava o metrô todos os dias, ía cedo para o trabalho, nem sempre conseguia entrar no vagão exclusivo para as mulheres, as vezes cheio demais, outras ele já estava parado na descida das escadas. Tinha que correr e entrar na primeira porta do vagão.
Via muitas colegas reclamarem do assédio nos transportes, nunca tinha visto nada, então, em na sua cabeça já tinha um pensamento pronto, deve ser a roupa ou os modos delas, por isso venho sempre vestida como mulher de respeito, ninguém me incomoda.
Nem dava ouvidos, afinal a culpa era delas que não se davam ao respeito. Ela tinha sido muito bem educada, na igreja todos elogiavam sua seriedade.
Ouvia, vez em quando, maledicências na sua paróquia. Algumas famílias tinham se mudado, falaram que o padre não era sério. Como assim?! Até nome de santo ele tinha! Padre Antônio, era caridoso, ensaiava o coral de meninos, que tratava com muito carinho. Do pastor da igreja da Dona Cida também tinha comentários, de desvio de dinheiro e envolvimento com mulheres do Bairro. Para Rute era muita maldade dessa gente, ficar falando desses homens escolhidos para pregar a palavra de Deus.
Na segunda-feira se atrasou, cinco minutos, mas o metrô não espera, correu, passou seu cartão na catraca, desceu a escada rolante pedindo licença, se lamentando, como fui deixar isso acontecer?! O chefe não gosta de atraso, tá certo que ele chega bem depois, mas liga só para saber se já cheguei, diz que é para dar bom dia, é uma gentileza e eu atrasada.
Nem sabe como conseguiu entrar no vagão, lotado, e as portas fecharam. Na sua frente um senhor muito distinto, sorrindo deu bom dia, tinha conseguido vencer o atraso, estava feliz. Ao lado um rapaz exótico, logo pensou, como essas pessoas conseguem se vestir assim?! Mas o rapaz respondeu ao seu bom dia, educadamente. Ao menos sabe dar um bom dia.
Que senhor distinto, barbeado de terno estava impressionada. Ele se aproximou como se fosse descer do vagão. Encostou nela, pensou nossa está muito cheio isso aqui hoje. O senhor não desceu, continuou encostado nela, que ficou dura, não conseguia nem olhar para os lados constrangida, de repente ela sentiu que ele se mexia ao seu lado. Deve estar pegando a carteira, deduziu.
Os movimentos foram ficando ritimados e intensos. O jovem esquisito se colocou entre os dois e começou a gritar, não tem vergonha não?! Se veste assim para que se vai despeitar uma mulher?! Aí ela teve coragem de finalmente olhar, seu sapato estava todo molhado, gosmento. As lágrimas afloraram e escorreram dos seus olhos. Ela tremia feito vara verde.
O rapaz lhe disse, moça não fique assim, eu vou lhe ajudar chamou guarda do metrô enquanto segurava a gola do terno do sujeito. Todos foram para delegacia, ela cheia de vergonha, se perguntava o que estava acontecendo.
Tinha uma repórter lá, quis entrevistá-la, saber o que tinha acontecido. Ela mal balbuciava a sílabas, o rapaz então disse: essa moça entrou no metrô, estava muito cheio e aquele carinha, todo engravatado, se masturbou ao lado dela, sujou os pés e o sapatos que ela está usando, um sem vergonha sem caráter. Ela está muito nervosa então resolvi vir junto na delegacia para poder ajudar.
Ela não entendia mais nada o senhor distinto era um depravado e o moço esquisito era uma boa alma, a cabeça girava, o mundo de repente havia se transformado num desconhecido. Pediu para chamar o marido. Dentro dela havia uma culpa que latejava se perguntando o que tinha feito de errado.
José chegou com a cara amarrada, perguntando logo o que foi que você fez Rute, não se dá ao respeito?! Avançou para cima do Tiago, logo achando que ele era o causador de tudo aquilo.
Rute gritou, pára José, o moço me ajudou tempo todo.
Então quem foi o desgraçado Rute?! Foi esse homem de terno, respondeu ela acabrunhada. O de terno?! Jose incrédulo replicava, não é possível ele é um senhor distinto. Quando chegarmos em casa vamos conversar dona Rute!
Tiago tentou explicar que ela não tinha culpa alguma, que a única coisa que a coitada fez foi entrar no vagão do metrô. José alterado falou: sai daqui, você não entende nada, todo estranho, usando esse rabo de cavalo, deve ser mais um depravado da vida.
Rute agora chorava de vergonha, de tudo, inclusive do marido. Como esses anos todos ela tinha convivido com esse homem, que, naquele momento, desconhecia. Se davam tão bem, ele sempre falou que tirou a sorte grande em casar com ela, uma mulher de respeito. As palavras de Tiago a fizeram entender que a culpa não era dela.
Tiago antes de sair disse: dona Rute vou deixar o número do meu telefone, se a senhora precisar do meu depoimento, estou a suas ordens.
José gritava: sai daqui moleque. Virou para Rute dizendo: nunca pensei que você fosse me humilhar desse jeito, que vergonha meu Deus.
Ao chegar em casa ela só queria esquecer daquele dia, ainda tinha que explicar para o chefe que estava na delegacia, não sabia o que dizer, então disse que esclareceria no dia seguinte.
José começou a gritar novamente, ela virou para ele, olhou no seus olhos chorando falou: para de gritar eu sou a mesma Rute, não fiz nada demais, eu não sei porque aquele homem fez isso. O Tiago foi um anjo que Deus mandou na hora para me ajudar.
José alterado falava que ele era apenas um fedelho se aproveitando da situação para aparecer.
Pela primeira vez Rute via o marido como ele era e refletia sobre ela mesma.
Tomou um banho, fez um chá e ficou pensando nas meninas do trabalho, em tudo que elas já tinham lhe contado, nos desrespeitos que sofriam nos ônibus, no metrô e na rua.
Uma delas até se separou do marido. Um homem a agarrou, tentou estuprá-la e levar para uma rua escura, na volta do trabalho. Conseguiu escapar com as roupas rasgadas. Desde aquele dia o marido desconfiava dela e a chamava de vadia. O casamento ficou insuportável, ela saiu de casa. Os pais condenavam a decisão de Maria, dizendo que casamento era para vida inteira.
Maria procurou um grupo de ajuda, lá encontrou outras mulheres que falavam de suas dores, da solidariedade feminina, uma tal sororidade e a união de forças entre elas, do tal feminismo.
Rute achava tudo aquilo uma bobagem, coisa de mulher que não tem o que fazer, mas percebia que fazia bem a colega participar do grupo, então ficava na dela.
José naquela noite não quis deitar na mesma cama, foi dormir no sofá. Achava que a mulher tinha se mostrado, essas coisas não acontecem com mulher séria, matutava.
Rute, no dia seguinte, acordou com uma coragem que nem ela sabia de onde tinha tirado, disse para José: eu sei quem eu sou e sei o que faço e o que não faço. Você casou com a mesma mulher que está aqui na sua frente, dizendo que não fez nada para aquele homem, apenas deu bom dia quando entrou no vagão. Não estou mais te conhecendo José, você não é o homem com quem me casei, que fez os votos na igreja comigo, acho que você não entendeu os nossos votos, então vou falar de novo: prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da minha vida, até que a morte nos separe. Então José eu vou trabalhar, enquanto você decide onde vai dormir hoje a noite.
Ela ignorava nela essa pessoa que estava falando, mas gostou ao ver a cara de surpresa do José, que agora desviava o olhar envergonhado.
O caso apareceu na TV. Quando ela chegou ao trabalho todos já sabiam. Maria veio correndo e lhe deu um abraço, dizendo estou contigo Rute, pode contar comigo.
Rute chorou. Outras colegas também abraçaram, algumas ficaram em seus cantos, como ela já tinha feito antes, deviam estar pensando que ela tinha merecido o que aconteceu.
Ao chegar na sua mesa havia uma flor com um bilhete do chefe: bom dia Rute, já sabemos o que aconteceu, se quiser pode vir falar comigo, mas não precisa se explicar.
Abatida, no trabalho ela encontrava agora o apoio que tinha esperado de José, o abraço que queria e o afago na sua alma que estava machucada.
Na hora do almoço procurou a Maria, pediu: quando tiver a próxima reunião do seu grupo eu gostaria de ir e participar, por enquanto você pode me explicar o que é esse feminismo que você tanto fala?!
No seu íntimo nascia uma nova mulher, ela ainda não entendia quem era. Se percebia cheia de preconceitos. O rapaz, que ela havia julgado no metrô, foi o primeiro a ajudá-la e agora no trabalho recebia o afago da Maria e do chefe, aquela guarida que ela nunca deu para outras colegas angustiadas e que José se recusou a lhe dar também.
Seus antigos preceitos ruíam, junto derrubavam os muros dos seus preconceitos. Rute começava a descortinar um mundo e uma vida desconhecida, teria que varrer as velhas ruínas e se reconstruir.
Conto de Adrianafetter
Naquele dia minha amiga me disse: porque não gostas de carnaval? Pensei um pouco, reservadamente, em minhas lembranças infantis, homens mascarados, encapuzados com uma fronha preta enfiada em suas cabeças, com olhos e bocas vermelhas, se aproximavam gritando, ainda me causavam arrepios, não era festa, era medo.
Era apenas uma mera conversa, mas a mente adentrava em seus labirintos sombrios. Respondi, não sei, apenas não gosto.
Regina me disse, já fostes à Salvador?! Eu apenas passara por lá, sequer tinha idéia do que era o carnaval na Bahia.
Ela emendou: você não gosta de carnaval porque nunca foi ao de Salvador, lá o carnaval é do povo, vou todos os anos.
Pensei cá com meus botões, duvido, mas apenas sorri.
Naquela época eu mal vivia, cumpria rotinas, em casa. Apenas segui meu caminho achando que era feliz.
Estava num relacionamento de um controle que não era claro, aparente, vinha em forma de perguntas simples: passou na padaria, temos lanche, que horas chegou, almoçou onde, por que demorou tanto? Ou opiniões sobre amigas, melhor se afastar, não está a sua altura.
Ao tempo que se mostrava uma vítima para mim: não almocei, a comida estava intragável, você não cuida direito da casa, esperei até essa hora para você trazer um lanche decente, me sinto mal quando você sai com colegas de trabalho, sempre existe um perigo de uma interpretação indevida, estou cuidando de você.
Nunca viajávamos, apenas para visitar a família, qualquer outro plano estava fora de cogitação, sempre era caro demais e um gasto desnecessário.
Fui envelhecendo aos 30 anos, me vestia como uma idosa, o brilho do olho não existia mais, eu só trabalhava, muito. Era a minha fuga a felicidade indo, melancolia instalada aos poucos, despercebida por mim.
Um dia ele se foi, não havia mais a quem dar explicações, eu podia sair, eu podia respirar, sem reclamações, enfim só.
Assim a vida se descortinou, podia simplesmente percorrer a cidade de carro, sem horário para chegar em casa, ver as novas árvores floridas, como nunca as tinha visto.
Então, arrebentando de vez os grilhões, resolvi finalmente passar o carnaval em Salvador. Sem compromissos, conhecer o que a Regina falava ser o melhor carnaval de sua vida.
Queria dançar, mostrar a todos a minha alegria, me diziam, se quiser você será beijada a cada metro. Mais que beijos eu queria o prazer de estar comigo.
Estava solteira, feliz, e na rua dancei, precisava voltar a me amar, ver um mundo novo de cor, deixar a vida me levar.
Era tanta gente resplandecente, eufóricos, desde a Barra até Ondina. Me contagiei nesta opulência. Olhava para os lados e podia perceber aflorar por todos os meus poros os meus sentidos.
E no bloco dos mascarados, ali me vi cantando e dançando, nascia uma mulher que prometia a si mesmo nunca mais deixar de viver.
Conto de Adrianafetter
Comecei este texto com um objetivo e, de repente, mudei. Por que eu mudei completamente o rumo do texto que eu iria publicar hoje?! Porque surpresas e problemas aparecem no nosso caminho a todo instante. Ía falar sobre a experiência com o Google, mas minha mulher e a vida falaram mais forte, hoje o foco será mulher, emoção e força.
Eu participei de duas etapas do Cresça com o Google e, numa delas, uma das palestrantes falou da importância de as mulheres liderarem suas próprias vidas.
Eu só digo uma coisa para vocês, tem que ser muito forte pra ser mulher, porque a vida nos dá muitas rasteiras. Nos coloca a prova à todo o momento.
Primeiro nas relações sociais, onde nos impõe regras e mais regras desde pequenas e elas só aumentam no decorrer de nossas existências. Depois no casamento e quando nos tornamos mãe, cobranças mil de comportamento e maternidade.
E, se resolvermos não casar ou não ser mãe, o mundo se acaba sobre as nossas cabeças, existe uma cobrança diária do porquê desta decisão.
Quando começamos a envelhecer, existem as cobranças com a imagem, com os cabelos, com a nossa pele, com a nossa beleza, ninguém respeita as nossas opções, simplesmente cobram. Esquecem que envelhecer é da vida!
Falando em envelhecer, já passados 3/4 do curso, me liga a cuidadora da minha mãe (meu anjo – Mara), problemas nos exames venosos, saio, tento encontrar a médica, que graças a Deus me deu seu WhatsApp. Pensei que seria um caso de hospitalização, mas não, apenas a entrada de anticoagulantes, que na idade dela é um problema menor.
Somos uma montanha russa de emoções! E a vida nos traz muitas cargas a mais.
Acordar entusiasmada por um curso, interromper o mesmo para tomar decisões relativas a precária saúde da mãe idosa. Mudar o foco em 180º em um segundo.
Vocês sabem, eu também cuido todos os dias da minha saúde e da minha energia vital, então haja raça para manter boa disposição física e mental.
Me sinto mãe da minha mãe, no mínimo uma jornada estranha, abraço um leão por dia, mas sigo em frente, firme.
Tem que ser mulher, muito mulher no mundo atual e estar preparada para as vicissitudes da vida, em um único dia, além da dupla ou tripla jornada!
Só digo uma coisa, haja o que houver, nunca, nunca se restrinja, nunca desista, afinal, você é mulher e somos fortes, mesmo na flutuação dos sentimentos e emoções!
E unidas somos muito, imensamente muito, mais fortes!
Eu não conhecia a Marielle, a Romilda ou a Sandrinha, mas eu conhecia a Cláudia.
A brutal execução dessa vereadora e de seu motorista, o Anderson, mexeu profundamente comigo. Me fez reviver um dos piores acontecimentos da minha vida, o desaparecimento da minha amiga e irmã Cláudia Hartleben, sem que se tenha qualquer resposta da investigação.
Há muito tempo eu penso que as mulheres podem fazer a diferença, somos a maioria que educa no Brasil, somos quem pode mudar o nosso país.
Desde cedo eu estou muito indignada e triste, posso dizer que a situação da violência contra as mulheres tem me incomodado profundamente há anos.
Hoje eu estou chorando pelas mulheres assassinadas no Brasil, pelas execuções, feminicídios, por toda a violência contra os nossos semelhantes.
Até quando?! Quem se acha no direito de cometer atrocidades sem punição?!
Espero que a Marielle Franco, que lutava pelos seus semelhantes, tenha a justiça que tantas mulheres nunca tiveram, inclusive a Cláudia.
Assisti pela televisão uma entrevista, com a Glorinha Kalil, sobre as mulheres.
Tanto ela como a Constanza Pascolato sempre me deram uma impressão ótima, de mulheres a frente do seu tempo, elas permeiam por outros assuntos com uma dignidade incrível, vencedoras.
O que me chamou mais atenção é que ambas falam de camadas, que as pessoas são feitas de camadas, somos sedimentados com as nossas camadas pela idade, vivência valores e pelos nossos costumes.
A Glorinha falou muito na questão da discriminação, do que pode ofender uma pessoa, de acordo com a faixa etária e tipo de educação recebida, do que é ou não assédio.
Incrível perceber as nuances que permeiam pelas varias idades. O que pode ser falta de atenção e educação, como o uso de celular com os mais velhos, é absolutamente natural entre os jovens.
Já um assovio, que tantas mulheres ouvem, ou já ouviram é muito menos aceito pelas mulheres mais jovens.
O fato é que as mulheres estão mais organizadas, entendidas de seus direitos e denunciam, agora, o que antes era considerado uma vergonha.
Minhas breves palavras não conseguem expressar toda a profundidade e versatilidade da entrevista da Glorinha, uma feminista, como ela mesma se intitula e eu também.
Estava pensando um texto bem legal para fazer sobre nós mulheres e o nosso dia, isso foi interrompido pelo anúncio de dois feminicídios aqui em Brasília, dentre tantos ocorridos no Brasil.
Primeiro foi a Sandrinha, uma capoeirista, que nos anos 90 desenvolveu seu projeto de ensinar capoeira para crianças em praças públicas no Guará, cidade satélite do Distrito Federal. A vida depois fez dela uma moradora de rua, cujo companheiro colocou um final, sufocando-a e colocando fogo em seu corpo num contêiner.
Romilda era uma mulher que viveu todos os seus sonhos e realizou conquistas em sua vida, ser profissional realizada, mãe e dona do próprio negócio. Ontem, 6/3/2018, seu marido colocou um ponto final no processo de separação.
Ambas foram mortas por seus companheiros, o da Sandrinha saiu caminhando pela rua, como se nada tivesse acontecido, depois de colocar fogo no contêiner com o corpo da companheira. A Romilda foi morta a tiros pelo companheiro que depois se suicidou deixando dois filhos um de 3 e outra de 4 anos.
Duas histórias muito diferentes com um mesmo final trágico, ambas mulheres mortas por pessoas com quem compartilhavam a vida.
Dos 4.473 homicídios dolosos de mulheres, ocorridos em 2017, no Brasil, 946 são feminicídios. Estatísticas são números frios, quando se dá nome a cada mulher é que se percebe a tristeza das suas histórias.
Muitas pessoas questionam porque existe um dia só das mulheres, acredito que é porque existem problemas de discriminação, sexismo, feminicídio, infanticídio de meninas. Os problemas não são causados pelas mulheres, a maioria discriminada.
Minhas condolências às famílias dessas duas mulheres.
Feliz 8 de março – dia da mulheres!
perdida entre sites, reflexões
opiniões, sentimentos
sentimentalidades…
respostas não tenho,
sou mulher.
faço perguntas
faltam quesitos
sobram dúvidas
o que sei?
não sei
divago
queria teu colo!
talvez,
o de minha mãe
pai e irmão
mas se foram.
e eu?
sobrei aqui
sem explicação
criança perdida
em corpo de mulher
desnorteada.
grande esforço,
o de me achar!
então,
procuro me perder…
Se tem uma coisa que eu sempre gostei de ser foi ser mulher.
Só invejo os homens em um único momento, o de usar o banheiro público.
Como mulher temos uma sensibilidade ímpar e quando somos mãe criamos um vínculo inigualável com os nossos filhos.
Mulheres, podemos ser as melhores amigas ou as mais vingativas criaturas. Acolher ou repudiar, faz parte da alma feminina essa contradição.
É óbvio que nem tudo são flores, as mudanças hormonais durante a vida, o estresse da dupla jornada, como somos sobrecarregadas.
Sofremos preconceito na carreira escolhida e, quando optamos por ser só donas de casa e mães, também sofremos preconceito, como se não tivéssemos nenhum afazer, esperam que estejamos sempre lindas, perfumadas e perfeitamente arrumadas.
Também somos vítimas da violência machista, muitas vezes o próprio companheiro, um histórico triste.
Mas como conduzimos nossas vidas e nossa jornada com destreza, sabendo conciliar inúmeras tarefas e atribuições, assim meio polvo, usando os braços e a mente com velocidade incrível, multifuncional.
Não há aqui qualquer discriminação com os homens, alguns verdadeiros companheiros de jornada, apenas a minha constatação de gostar de ser mulher.
Me encanto com o feminino e suas contradições.
Eta fase difícil essa da separação, não tem como sair inteira, mas a gente tem que aprender a se reconstruir, é mais do que necessário, e passa, como tudo, passa.
Mesmo quando a separação é uma decisão nossa, não tem como não se magoar.
A separação dói muito, porque você vê indo embora todo um futuro de vida que foi planejado por anos. Porque temos que largar no meio do caminho um amor que não é mais nosso.
É hora de repensar quem você será daqui pra frente e o que vai fazer com toda uma vida que não existe mais, que foi tão planejada, mas acabou.
Não se preocupe, você vai dar conta, dói, mas superamos ,eu tenho certeza, eu dei você vai dar o seu melhor jeito.
Desculpem aos homens que me lêm, mas aqui eu tenho que falar com mulher, então eu vou falar com os artigos femininos. É a minha experiência de vida.
Aqui só vou falar sobre você, porque filhos é um outro capítulo, muito importante, então vai só um aviso, a separação é só do casal, filho continuará sendo filho, não precisa ser magoado mais do que ver os pais em crise.
Depois de tudo superado você vai sair poderosa dessa experiência, porque ela nos da força, ela nos quebra, mas depois ela não nos reconstrói e ficamos mais forte diante da vida.
E um dia, sem mais nem menos, nós voltamos a amar.
Li essa frase ontem, é sobre um lançamento de um novo filme, isso tem sido muito presente na minha vida, momentos que podem mudar tudo, realmente podem!
Uma amiga querida desapareceu da noite pro dia e nunca mais foi encontrada, vi meu pai sair caminhando para o hospital e nunca mais voltar,
Um terremoto no México mudou a vida de muitas famílias, foi uma grande tristeza pairando sobre elas. Assim foi também com as bombas, com as guerras, assim está sendo com os furacões, o nosso mundo está mudando e não estou vendo muita gente tentar mudar alguma coisa para que este mundo fique melhor.
O que nós vamos fazer para que os nossos instantes futuros se tornem mais razoáveis?!
Acredito que para as mulheres o momento em que tudo muda é quando se tornam mães, você conhece o amor incondicional, isso muda a sua vida, por isso mesmo vejo nas mulheres a força motriz de transformações, somos mais sensíveis e conseguimos operar mudanças com essa sensibilidade.
Aí eu me pergunto, o que nós mães estamos fazendo para tornar este mundo melhor, mais razoável para os nossos filhos e para os nossos netos?!
Somos nós que podemos mudá-lo com pequenas ações dentro de casa. Porque, se um instante pode mudar tudo, uma vida com nossos filhos pode mudar muita coisa.
Somos nós, as mulheres de 40 a 60! Vocês sabiam disso?!
Aquelas que não seguem a cartilha da meia-idade. Eu estou aprendendo e me achei nessa definição.
Não sigo regras, não aceito rótulos mim e para a minha idade, sou o que sou como quero ser, sem seguir as tolas indicações sociais limitantes, em que dizem que eu devo ser isso ou aquilo.
Comecei a ler alguns artigos sobre o tema, super interessante, porque nos define a partir de um estilo de vida, no mercado de trabalho, como consumidoras e nessa faixa etária.
Não há uma identidade com uma determinada idade, também não se esconde a própria. Não é a idade que define essas mulheres, elas usam jeans, camiseta, transitam por várias faixas etárias com facilidade.
Para deixar mais claro, perennials vem do inglês perenne, traduzido como constante, permanente. Não somos senhoras de meia-idade, somos mulheres que estamos passando pela meia-idade, com melhor saúde que as gerações anteriores. Estamos vivendo nossa plenitude! Cheias de vida e projetos pessoais.
O que mais me chamou a atenção foi um sentimento, porque concordo em número, gênero e grau, não nos sentimos representadas pelo mercado de consumo. Eu me sinto exatamente assim!
E o mercado, o que está esperando para nos enxergar ?!
Tem que arrumar a cama, fazer o café, lavar a louça, tomar banho, limpar a casa, deixar cheirosa, o banheiro limpo, lavar a roupa, arrumar a cozinha, branquear o pano de prato, panela areada, falar educadamente, ser servidora eficiente, educar os filhos, fazer a merenda, tirar o pó, aspirar o tapete, varrer a casa, responder o e-mail, retornar para a amiga, ser boa filha, limpar os vidros, fazer a lista de compras, colocar o feijão de molho, tirar o lixo, limpar a geladeira, coar o café, providenciar o lanche, ser simpática, comprar pão e leite, passar a roupa, guardar a roupa, arrumar o armário, passar o pano na casa, fazer a lição com os filhos… E a faxina?!
Ainda ficar bonita , cabelo e unha sempre arrumados e rosto sempre maquiado, manter o regime equilibrado, com 5 cores no prato, ser boa de cama, estar sempre cheirosa e ótima ouvinte, e sempre de bem com a vida.
Ufa, esqueci alguma coisa mulheres da página?!
Acho que nunca tinha pensado muito nisso até postar que estaria um pouco ausente porque viajaria de caminhão com o meu marido, minha página encheu de curtidas e comentários.
Minha cunhada ao ver me falou, ninguém espera que uma blogueira, escritora, esse lado meio intelectual, seja casada com um caminhoneiro. Pode ser verdade…
Eu sou! E acho muito legal, somos muito diferentes e ao mesmo tempo muito parecidos.
O trabalho de um não tem nada a ver com o do outro, conversamos sobre os dois e isso é ótimo, ambos gostamos de cinema, de cozinhar (ele cozinha a maior parte do tempo), somos muito família.
E gente, viajar de caminhão é tudo de bom, as vezes cansa, muito mais pra ele que dirige, porém é uma linda maneira de conhecer novas terras.
Ele não faz longas viagens, no máximo três dias, já acompanhei algumas. Não é um caminhoneiro tradicional. Mas ganha a vida dirigindo um caminhão.
Te convido a conhecer essa profissão tão importante para o nosso país!
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Adepta da CozinhaTerapia desde os 11 anos. Compartilhando meus pratos preferidos do interior de São Paulo para o mundo. Porque a cozinha rompe fronteiras e tempera vidas!
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Minha vida, minha jornada e meus pitacos no Pós50, me acompanhe, será um prazer!
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Um pouco de poesia, um tanto de poemas, outros de ilustrações, sem esquecer da fotografia e muito mais de arte. Produção de GeraldoCunha autor da obra Improváveis - Livro de Poemas, edição 2021. Contato pelo instagram @divagacoes.geraldocunha
blog para divulgar meus livros e outras cositas más q ando aprontando...;)
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