Turbilhão (AF)

pós 50

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Não quero essa saudade invasiva

Inexplicável, resoluta, inquietante,

Buscando em mim outro ser que não domino.

Quero de volta minha racionalidade

Inteira, absoluta

Acalmando meu corpo que deixaste latente

Espero absorver o impacto de tua passagem

Instigante, diferente

De tudo que sou, de tudo que fui

Pra retornar o eu de amanhã

Já não há volta

Há contornos, flashes

Arrepios no corpo

Frios na alma

Quem sou eu agora?

E você?

O que faz você?

Repete minha mente

Sou um pouco de você

Sou muito de mim

Sou um meio nós de amanhã.

Amanhã um novo começo.

poesia Adrianafetter (AF – 2007)

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4 Anos sem Festa

Onde você estiver, feliz aniversário minha amiga ❣

Para Cláudia

Hoje é o dia do teu aniversário, passei a semana pensando nisso, e no que eu escreveria para ti.

Não é um dia de festa, tu não estás aqui e eu estou triste pela tua ausência e também por saber que enfrentaremos um período conturbado no nosso país.

Como eu devo enfrentar este futuro?! Eu que sempre lutei pelos direitos da mulher, contra o machismo, contra o preconceito, tu fizeste parte da minha luta. A luta para eu te encontrar e na tua falta para que houvesse justiça.

Não alcancei nenhuma delas. As vezes me pergunto se não seria melhor assim, o que que tu desejarias que acontecesse… Talvez exatamente isso, nenhuma resposta e nenhuma punição.

Parece que as vezes damos um murro em ponta de faca, falo da luta por justiça no teu desaparecimento, da luta pela dignidade de uma mulher.

Me sinto um pouco derrotada hoje, mas ao…

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Suco de laranja

Feliz aniversário meu querido e eterno pai, te amo, onde você estiver meu coração está contigo ❤ !

pós 50

Eu chegava correndo da escola e ía para cozinha espremer as laranjas. A tarde era praticamente só o que ele conseguia engolir.

A doença já tinha tomado o corpo e ele teria pouco tempo de vida, eu não sabia. Eu não tinha a noção que era tão grave, mas fazer o suco me fazia bem.

Hoje me faz bem pensar naqueles dias e saber que pude contribuir com alguns momentos de bem estar dele.

Entregava o suco ele bebia e nós ficamos ali um do lado do outro curtindo aqueles momentos, para mim bastava ficar do lado do meu pai.

Por algum tempo depois da morte dele, quando via o carro estacionado na frente de casa, eu ainda saia correndo para espremer as laranjas, até que caiu a ficha, ele não estava mais conosco.

Meu pai sempre me proporcionou momentos muito especiais. Como ele sabia da doença dele, aos 10…

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Quando eu era criança…

pós 50

O patinete era de madeira e o motor era o meu pé. As brincadeiras eram na rua e no jardim da casa. Passava a maior parte do meu dia fora de casa. Televisão era coisa rara que só se via a noite. De dia a gente brincava, lia gibi ou livrinho de estórias.

Brincar na rua era o máximo, nós aparecíamos para o almoço, para o café da tarde e para o jantar, esse era o compromisso com nossos pais, no mais havia liberdade de ir e vir, correr, brincar, tomar ar puro o dia inteiro.

Nesse dia das crianças eu desejo mais pipas a serem empinadas com crianças e seus pais, mais cantigas de roda, mais bolinha de gude, mais cinco Marias, mais pular elástico, mais pique-esconde, mais corre-corre, mais queimada de bola, mais banho de chuva e muito mais ar puro.

Que possamos todos nós adultos fazermos nossas…

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Meus dias difíceis

A superação desses momento já começou – estou bem!

pós 50

Eu não gosto de passar nem tristeza, nem melancolia, até porque não é esse o caso, apenas um dia mais difícil, tem dias que ficamos extremamente sensíveis, são momentos de inflexão.

Sempre convivi com doenças, sou há muitos anos epilética, sempre tomei muitos remédios.  Com isso  várias partes do meu corpo no decorrer da minha vida foram se desgastando,  acho que o que mais me afeta, depois dos 50, são as minhas cartilagens, que passaram a inflamar e doer.

Dor vai minando as energias que te sustentam, o otimismo. E quando as dores estão mais agudas e persistentes, haja paciência e meditação para superar.

Minha rotina tem sido de médicos, exames e mais exames, vários tipos de fisioterapia e acupuntura. Tento de tudo para superar os piores dias.

Sou uma mulher positiva, considerada forte por quem me rodeia, e é muito bom lutar para que tudo fique bem e dê…

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Sábado é dia de dicas – Gelatina Rica

pós 50

gelatina ricaGelatina rica e bota rica nisso!!!

Nada como uma sobremesa refrescante para deixar a vida mais prazerosa, não é mesmo?! Essa eu fazia muito, muito mesmo, prática demais e não há pessoa que não goste.

  • 2 pacotes de gelatina vermelha (cereja, morango, framboesa, a que você mais gostar)
  • 1 lata de abacaxi em calda, escorrida
  • 1 lata de leite condensado
  • 1 lata de creme de leite

Faça a gelatina como manda a instrução do pacote, diminuindo levemente a água (1 dedo a menos de água). Coloque para gelar por 1h. Pique o abacaxi em pedaços, sem a calda. Quando a gelatina estiver mais ou menos durinha, porém ainda tremendo, espero que não seja de medo,  bata no liquidificador com o leite condensado e o creme de leite, acrescente o abacaxi picado e volte para gelar novamente por mais 3h.

Prontinho, delícia minha gente! E tem muitas possibilidades, se não gostar…

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Hoje a poesia é minha

pós 50

bom dia poesia

e todos os dias de minha vida

que pulsam e me expulsam de mim

para sair e não voltar

para voltar e não sair

daqui desse lugar

viajar até não mais poder

regressar ao meu recôncavo

ingressar na tua fúria verbal

acolher tua inspiração carnal

ver minha contextura

estrutura, metáforas

e escoar-se da invasão

dalheia privacidade alheia

alienação, enlevo, perturbação

voar até ti, sentir o teu eu

e fugir … de leve … de tudo

bom dia poesia!

(Adriana Fetter)

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Fronteiras humanas

Não estamos aprendendo nada com a história, que pena…

pós 50

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Eu me formei em História, aliás primeiro fiz Estudo Sociais, depois História. Fui então fazer pós-graduação em educação, não completei, segui para Ciência Política.

Estudando nesses cursos, me chamou atenção os vários porquês do ser humano procurar o conflito, guerrear…

Nós humanos estabelecemos fronteiras, sejam de nacionalidade, crença, ideologia e eu me pergunto muito, qual o sentido disso?!

Porque alguns aspectos da vida humana nos fazem brigar, ter raiva um do outro, nos fazem estabelecer fronteiras humanas?!

Falamos línguas diferentes, temos peculiaridades diferentes e aspectos de vida diferentes, mas por que isso precisa ser a causa de batalhas, de uma guerra?! Pior, sempre foi assim…

Será que em algum dia vamos parar de achar motivos para superar nossos conflitos, não entrar em guerra, sair do desacordo?!

Sempre que viramos um ano tenho certeza que isso faz parte de nossos pedidos, a paz entre os povos. Então porque continuamos discutindo sobre…

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Autocrítica

Eu me formei como professora de história, depois fiz pós graduação em Ciência política. Estou escrevendo este texto, no sábado, na véspera da eleição brasileira. Estou me sentindo arrasada! Por que o nosso país não entende ou simplesmente ignora o fascismo latente em nossa sociedade?!

Eu me pergunto onde nós professores falhamos, quando não conseguimos explicar a importância da democracia? Por que os jornais no exterior enxergam que estamos à beira do abismo, mas internamente não existe uma crítica a um candidato de extrema-direita, com ideias preconceituosas, machistas, homofóbicas, racistas e xenófobas?!

Eu fico escandalizada com o apoio dado a esse tipo de pessoa, quando havia candidatos qualificados de todas as tendências.

Neste momento me lembro do caso de Jean-Marie le Pen, na França, que foi expulso da política e obrigado pagar uma multa de 30.000 euros por minimizar o holocausto e as câmaras de gás, ocorridas na Segunda Guerra Mundial e mais 5000 euros por incitar o ódio aos ciganos.

Enquanto aqui no Brasil, a tortura é idolatrada, o torturador reverenciado como herói, a ditadura militar minimizada, o incitamento ao ódio às minorias ignorado.

Como chegamos até aqui? Como as classes sociais abastadas, conseguem macissamente apoiar isso? Como a grande imprensa, com raras exceções, não consegue estabelecer uma vala entre o que é decente e o que é indecentemente desumano, não estabelecendo a separação do trigo do joio?

A saber.

Ouvi de um analista político que o movimento das mulheres, intitulado EleNão, foi um movimento de classe média, que não engajou as mulheres mais pobres, dando a entender que foi um movimento partidário. Menospreza e desconhece a verdadeira origem desse movimento, que hoje é integrado por 4 milhões de mulheres, de crescimento natural em apenas 1 mês via redes sociais. Formado por mulheres que viram ameaçadas suas conquistas, amedrontadas pelo machismo do candidato e seus seguidores e por suas crenças depreciativas às minorias. Movimento do qual faço parte desde o inicio, que foi desqualificado, ignorado por essa mesma imprensa e que foi covardemente atacado pelos seguidores políticos da extrema direita.

Também vi o judiciário ignorar as fake News nas redes sociais, massivamente no Whatsapp, quando havia anunciado que as combateria veementemente, dando vazão a verborragia e a violência verbal intensiva.

Para o 1% mais rico da população brasileira não importa a democracia, desde que seu dinheiro cresça, o autoritarismo pode varrer a nossa sociedade, desde que o capital seja preservado. Então, não podemos nos valer da lógica capitalista, no nosso trabalho. São eles que ganham com a eleição de uma extrema direita.

O que nós professores de classe média não conseguimos apreender foram as necessidades da população. Não vivenciamos a realidade de nossos alunos fora de aula, poucos são os que o fazem.

O que conseguimos transmitir aos nossos alunos não os prepara para o mundo real, não repassamos o conhecimento necessário para que tenham o discernimento de lutar pelas suas necessidades e anseios, que o que está por vir é politicamente incerto e desastroso.

Não conseguimos ensinar que eles seriam os mais prejudicados com a ascensão da extrema-direita, porque para quem é rico essa eleição não fará a menor diferença, mas eles terão seus direitos ameaçados.

Façamos a nossa autocrítica!

Dias de luto

Há um ano esse triste acontecimento nos chocou, minha homenagem à professora Heley Batista! Descanse em paz!

pós 50

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Tem dias que são cinzas, hoje é um dia de profunda tristeza, desses que não consigo pensar em algo para escrever, crianças foram queimadas em uma creche em Minas Gerais, dia de choro, de recolhimento, de deixar as lágrimas correrem.

Podemos apenas orar na quietude, no silêncio, bem baixinho falar com Deus com o nosso coração, pedir compaixão e conforto para as suas famílias, alívio para a dor dos que estão sofrendo.

Duas coisas me chocaram nesse episódio trágico, um site jornalístico oferecendo imagens para as pessoas acompanharem a tragédia e pessoas de má fé pedindo doações para conseguir dinheiro para fins escusos, explorando a sensibilidade e o compadecimento de quem quer ajudar.

Nada vai fazer o tempo voltar, porque era o que eu gostaria de pedir a Deus, nenhuma palavra minha vai ajudar, mas as orações talvez possam fazer mais por essas famílias.

Todas as minhas preces são para às…

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Um igual tão desigual

pós 50

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Numa das minhas idas para exames e consultas ao hospital Sara Kubitschek resolvemos almoçar no shopping em frente.

Tudo normal, até que uma cena, que eu não via há muitos anos, me chamou a atenção e me chocou. Ao nosso lado tinha algumas bandejas com restos de comida, de pessoas que haviam  deixado ali, um senhor, não era um mendigo, vestia camisa, calça, cinto e carregava uma mochila, começou a engolir os restos avidamente, percebia-se, nitidamente, que estava com muita fome.

O meu coração disparou numa angústia tremenda, essa foi a minha única reação diante da fome, fiquei paralisada, não conseguia nem olhar pra aquela situação com medo de constrangê-lo, foi realmente paralisante.

Me arrependo de não ter oferecido um prato de comida, fiquei fazendo a minha auto-crítica depois.

Eu não vou tentar ser politicamente correta aqui, porque realmente me parecia que ele não queria ser visto, percebido, apenas queria…

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