A minha Páscoa

Meu pai morreu na Páscoa, foi para o hospital na sexta-feira santa. Na noite do sábado de aleluia faleceu e foi enterrado no domingo. Eu tinha 10 anos.

Quando se perde uma pessoa tão amada, numa data especial, você acaba tendo dois dias para chorar.

Marca a data do luto duas vezes, o dia da morte e o feriado, uma tristeza sempre estará presente, uma melancolia, para toda a vida.

A Páscoa nunca mais foi a mesma.

Eu a festejei, desde o nascimento da minha filha, depois meu filho e agora, também, os netos. Havia trilha do coelhinho, ninhos escondidos.

Crianças nos ressuscitam, dão sentido ao verdadeiro significado da Páscoa.

No entanto, geralmente nos reunimos, para almoçar, na sexta, último dia de vida do meu pai. No sábado e no domingo fico quietinha. Desde a chegada do coronavírus, isso não acontece.

Meu filho chegou na quinta-feira, com colombas e um ovo de chocolate, presente dele e da Silvia, minha filha. Em um ano de pandemia e isolamento, foi a terceira vez que nos vimos, de longe.

No domingo de Páscoa esse carinho e um pedaço de chocolate dará o alento e a doçura necessária.

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Solitude e Solidão

Eu já chorei nessa pandemia, por saudade de quem amo, no distanciamento social que tenho vivido.

Não vejo meus filhos e meus netos desde março. É difícil, mas temos encontrado formas virtuais de nos manter-nos em contato e sanar essa falta.

E, início da noite, ou final dela, meu marido chega e não estamos sós, temos um ao outro. Aqui merece um esclarecimento, na pandemia, o trabalho com cal, um desinfetante, tem exigido muito dele.

Tem uma coisa que segura a minha onda, a minha solitude.

Não tenho problemas em ficar só, por muitas horas, muitas mesmo, quase todo dia.

Gosto da minha presença, das atividades que me estabeleço, da curiosidade em aprender cada dia mais, dos meus estudos, dos meus livros, dos meus filmes, das minhas séries e assistir aos noticiários.

Se bem que, ultimamente, ao assistir as notícias dá um certo desespero, em se saber que ainda haverá, por muito tempo, distanciamento, até que haja uma vacina.

Acredito que manter a saúde mental tenha sido a diferença em estar bem, depois de meses.

Por isso o uso aqui da palavra solitude, gostar de estar sozinha, não se sentir só no passar dos dias.

Espero que todos que, como eu, estejam afastados do seus queridos, possam estar bem e se sentir bem consigo mesmos.

Fiquem bem e se cuidem!

Reflexões no isolamento pelo COVID-19

Texto longo, cheio de divagações…

É uma época de profunda reflexão de vida e conscientização, aceitação do que é possível e o que nunca mais estará ao nosso alcance… Época de aprender a conviver com a impotência.

Uma situação muito difícil a que vivemos, momento que proporciona uma análise e revisão de vida…

As digressões tomam conta dos pensamentos. Pondero sobre os possíveis cenários num futuro próximo.

Eu moro longe da minha mãe, hoje com quase 95 anos. Ela precisa de cuidados especiais e está num lar geriátrico maravilhoso, com outras dez senhoras.

Lá é cuidada carinhosamente, convive com as coleguinhas e gosta de viver ali.

Sempre estou lá no final maio, nós duas e a minha cunhada fazemos aniversário neste mês, gosto de passar com elas. Faço uma festinha para a mãe, o que não vai acontecer este ano, as visitas estão proibidas para protegê-las e eu não posso sair do meu isolamento, por ser imunodeficiente.

A nossa mente, em épocas de distanciamento social, também nos coloca a realidade nua e crua, os pés no chão e a impotência, frente a essa nova realidade.

Não sei o que vai acontecer, ainda verei minha mãe em vida?! Tem a dificuldade de chegar a Pelotas, por enquanto tenho tentado aceitar isso, mas uma coisa é a teoria, outra a prática.

Outra é, como estruturar a prática daquilo que não conseguiremos atender?! Só restou a mim de filha, eu quase morri antes dela, então tive que montar toda uma estrutura de atendimento, mesmo que eu não estivesse mais presente.

Tenho pensado na vida, evitando me angustiar, tentado fazer um planejamento dos cenários possíveis, porque não tenho o controle desta situação, mas posso torná-la mais confortável para todos.

Faz parte da minha personalidade tentar construir os cenários possíveis e fazer os planejamentos necessários. Essa foi praticamente a minha história de vida.

Acredito que, o fato de ter que lidar com a morte muito cedo, perdi meu pai com 10 anos, uma filha, muita gente amada, por fim meu irmão e também os meus problemas, me trouxe uma aceitação e normalidade diferentes de outras pessoas sobre esse assunto, falo sobre isso naturalmente, a morte já quase me pegou 3 vezes.

Cada pessoa tem uma jornada própria, eu tive que domar a minha. Muitas vezes tive que tomar as decisões dolorosas e práticas na família, deixando o sentimento escorrer por dentro, para dar apoio por fora.

O que tenho feito é me adaptar, apesar de conviver, com doenças sérias, elas nunca impactaram o modo desejado de viver, mas, há algum tempo, tenho sofrido consequências que vão me limitando fisicamente.

Então, antes do coronavírus, já estava com uma vida social mais restrita, porém fiz várias adaptações, para poder fazer o que para mim é importante. A tecnologia foi minha auxiliar constante, supera minhas limitações físicas.

Não uso mais o teclado, uso a voz para escrever, ou pelo celular ou notebook, diminuindo as dores das mãos. Faço quase tudo pela internet ou pelas redes sociais, elas ampliaram as minhas possibilidades.

Sou super resiliente, sempre convivi com as minhas imperfeições e deficiências, sem perda de qualidade de vida.

Ficar afastada da família, com risco real imediato, me traz diferentes dimensões, uma de organização, outra de reavaliação do que realmente importa.

Sim! Temos a possibilidade de dar a precedência ao que importa.

Em 2019, resolvi fazer uma pós graduação em Psicologia Positiva e vários cursos de extensão EAD. Buscar novos conhecimentos é uma das minhas escolhas prediletas, em momentos limitantes.

Sábia decisão, em um momento que sequer imaginava o quanto esses ensinamentos me seriam úteis e me trariam conforto pessoal. 

Minha busca vai além de adquirir conhecimento, é a busca de um novo propósito também.

Estou me preparando para esse incerto futuro, mais uma vez, avaliando os possíveis cenários, ainda sem qualquer perspectiva, apenas tentando ser resiliente, de novo.

O teu aniversário

Mais um aniversário de muita saudade, não tem dia em que eu não pense em ti.

Nenhuma palavra pode traduzir a falta que sentimos.

O ciclo não se fechou, sonhos foram interrompidos, com a dolorida saída tua de nossas vidas.

Desejo que estejas bem, dentro da tua crença que, ao desencarnar, serias acolhida pelos teus espíritos de luz. Somente no teu espiritismo conseguimos justificar o teu desaparecimento de nossas vidas.

Por aqui a vida continua, mas ficou o vazio da tua ausência e de tudo o que poderia ter sido.

Feliz aniversário minha amiga, que sejas luz sempre!

 

* Médica Veterinária, Mestre em Medicina Veterinária e Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Professora Adjunta do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDTEC/UFPEL) onde atua nos cursos de Graduação em Biotecnologia, Pós-Graduação em Biotecnologia/UFPel e Pós-Graduação em Parasitologia/UFPel. Lidera o grupo de pesquisa em Imunodiagnóstico, onde busca o desenvolvimento tecnológico, em geração de produtos e processos inovadores aplicados ao diagnóstico de enfermidades humanas e dos animais. Presidente da Comissão Interna de Biossegurança (UFPel) e Membro da Comissão de Ética em Experimentação Animal (UFPel). Integrante dos colegiados de curso de Graduação e Pós-Graduação em Biotecnologia. Ministra aulas nas disciplinas de Biossegurança, Microbiologia e Imunodiagnóstico. Tem experiência na área de Microbiologia e Imunologia Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: Produção de Anticorpos Monoclonais e Desenvolvimento de Testes de Diagnóstico.
A professora da UFPel, CLÁUDIA PINHO HARTLEBEN, está desaparecida desde o dia 09 de abril de 2015, em Pelotas, no Rio Grande do Sul.

Despedida

As vezes a vida te impede de estar perto das pessoas que são importantes para você, as vezes os caminhos trilhados foram diferentes, mas o que verdadeiramente importa é que o seu coração te diz, o que realmente sente, aquilo que nunca será apagado. Independente do tempo que separou, ou da situação que afastou, o que importa é o que o seu coração te fala, e o saber do quanto aquela pessoa foi especial.

Hoje uma das pessoas especiais da minha vida se foi, eu não tenho como me despedir, mas queria registrar aqui o quanto foi presente na minha vida, independente do tempo, da distância ou dos caminhos escolhidos que nos afastaram.

Que Deus o abençoe e acolha!

Saudade (AF)

A intensidade é um momento efêmero,

A saudade é o coração que nos fala,

O afeto é a demonstração do sentimento,

É quando o coração transborda e a alma fala pelo olhar,

Tudo mais não interessa

– só mais um pouco…

Um pouco mais sentimento,

Só mais um momento junto,

Nem que seja em minha mente!

Poesia de Adrianafetter

Turbilhão (AF)

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Não quero essa saudade invasiva

Inexplicável, resoluta, inquietante,

Buscando em mim outro ser que não domino.

Quero de volta minha racionalidade

Inteira, absoluta

Acalmando meu corpo que deixaste latente

Espero absorver o impacto de tua passagem

Instigante, diferente

De tudo que sou, de tudo que fui

Pra retornar o eu de amanhã

Já não há volta

Há contornos, flashes

Arrepios no corpo

Frios na alma

Quem sou eu agora?

E você?

O que faz você?

Repete minha mente

Sou um pouco de você

Sou muito de mim

Sou um meio nós de amanhã.

Amanhã um novo começo.

poesia Adrianafetter (AF – 2007)

A magia dos nossos jardins

Lembro da casa em que nasci e de toda a magia que ela sempre incutiu em mim com seus cheiros e cores.

A casa em si era cinza, de cimento penteado, com janelas verdes escuras, tinha um lindo jardim e um pátio de sonhos, cheio de magias, aquelas que as mentes das crianças, ainda intocadas pelo mundo, tem.

Na frente havia uma escada de mármore branco, margeado por outro azul, lindo. Para mim os degraus eram bancos, reconfortantes depois de correr em volta da casa.

O muro tinha desenhos e recortes, era a montanha russa dos meus pés, caminhar sobre ele era uma aventura, cheia de desafios, quanto mais rápido melhor.

O jardim tinha flores de diferentes cores e aromas, na frente, bem no centro, as amarelas fortes, quase um laranja, cabos bem fininhos e altos que desafiavam a gravidade, depois as papoulas vermelhas, de pétalas tão finas e sedosas, me lembravam asas de borboletas.

A grama era entrecortada por pedras de granito. Os quadrados irregulares, faziam os caminhos a serem percorridos.

De um lado sempre bateu mais sol, porque a casa ficava mais para a direita do terreno, não foi centralizada propositadamente, para se fazer a estradinha de granito cortado até o final, onde ficava a garagem.

No muro alto que ladeava havia um roseiral, rosas grandes, rosa claro, saiam de troncos retorcidos, ali tinham uma convivência harmoniosa com as orquídeas, em sua maioria chuva de ouro e  com a hera que recobria o cimento, deixando o cinza verde.

Do outro lado, na parede mais solar, havia um canteiro cavado no solo, cujas laterais possuíam pequenas corredeiras de cimento, que escoavam as chuvas no terreno inclinado, o meu pequeno rio, onde foram depositados muitos barquinhos de papel.

Flores diversas, de muitas cores, tamanhos e variedades faziam a minha festa, margaridas, bocas -de-leão, onze horas. Lembro de uma, especialmente, cuja a seiva depositada nas pétalas era de uma doçura ímpar, intercalava o sabor com as azedinhas. Muito mais tarde alguém me falou que era tóxica, não me fez mal algum…

Ao fundo espadas de São Jorge e de Santa Bárbara ornavam as multicoloridas flores.

Do outro lado,  que deveria ser o sombrio, moravam as hortênsias, azuis, rosas e brancas, sentia ao passar o perfume que vinha do solo, cheiro de umidade e terra preta, profundo, ainda consigo lembrar de cada um dos aromas desse jardim, ficaram impregnados na minha memória.

No pátio, ao fundo, eu tinha a minha floresta particular, formada por abacateiros, limoeiros, árvores de uva japonesa, pitangueira, bergamoteiras, nêspera doces, árvore onde eu subia para ver a floresta de cima, todas frutíferas e podia ver a parreira de uvas, onde fazia o piquenique imaginário.

Havia uma escada de cimento nos fundos, alta, mais inclinada que a da frente, e outra igual entre as hortênsias.  Subir e descer era uma aventura. Mais ainda a das hortênsias cuja porta estava sempre fechada por segurança, mas para mim isso tinha todo um mistério.

Embaixo de cada escada havia uma porta que levavam às cavernas, isso no meu imaginário infantil. A da frente só era aberta vez em quando, para guardar as ferramentas do jardim, soube muito tempo mais tarde. A de trás levava ao tanque e a sala de lenha, tanto para a lareira no inverno, quanto para o fogão de ferro da cozinha.

Na  lateral a porta levava para um salão onde minha tia dava aulas de francês,  o porão, onde eu moraria após a morte do meu pai.

Vivi muitas aventuras em meu jardim, criei muitas outras imaginárias, a cada estação ele mudava, sempre havia flor brotando, frutas amadurecendo, cheiros novos no ar. Talvez ele nem fosse tão grande como eu imaginava, mas era grandioso, efervescente, vibrante e possibilitou que o meu imaginário infantil viajasse por mundos desconhecidos, me deu asas, sonhos, viagens mil.

Até hoje consigo me refugiar nele, quando preciso de calma e concentração é para lá que viajo. Essas lembranças sempre me conectam contigo, também tinhas um jardim cheio de flores, um pátio cheio de aventuras, que rica vida foi ali vivida. Quantos sonhos não podes mais viver…

Texto dedicado a Cláudia Pinho Hartleben, amiga desaparecida.

Suco de laranja

Eu chegava correndo da escola e ía para cozinha espremer as laranjas. A tarde era praticamente só o que ele conseguia engolir.

A doença já tinha tomado o corpo e ele teria pouco tempo de vida, eu não sabia. Eu não tinha a noção que era tão grave, mas fazer o suco me fazia bem.

Hoje me faz bem pensar naqueles dias e saber que pude contribuir com alguns momentos de bem estar dele.

Entregava o suco ele bebia e nós ficamos ali um do lado do outro curtindo aqueles momentos, para mim bastava ficar do lado do meu pai.

Por algum tempo depois da morte dele, quando via o carro estacionado na frente de casa, eu ainda saia correndo para espremer as laranjas, até que caiu a ficha, ele não estava mais conosco.

Meu pai sempre me proporcionou momentos muito especiais. Como ele sabia da doença dele, aos 10 anos dançou a primeira valsa comigo. Me levou de barco no meio da Lagoa para ver o nascer do sol e também me levou para ver a lua nascendo. Momentos muito marcantes, que me acompanharam pela minha vida.

Ele faleceu um mês antes do meu aniversário de 11 anos.

O texto de hoje foi triste, porque foi feito com saudades. Saudades de um tempo bom, pouco tempo, mas tenho lembranças incríveis do tempo que eu passei com meu pai.

Recordações de muito amor que ele me deu.

Parabéns pai, feliz aniversário❣️

Mais da metade já passou

paraquedas_parabens

E a caminhada até aqui foi longa, muitos trajetos percorridos, alguns retos, outros tortuosos, mas cheguei.

Estava pensando a pouco nos sonhos que não se concretizaram. Não me sinto frustrada, porque realizei outros tantos. Fica uma certa melancolia por não ter feito mais.

Parece um contrassenso, porque acho que fiz muita coisa mesmo, até pular de paraquedas, um luxo!

As vezes acho que o que bate mesmo é uma certa reflexão sobre idade. Sabemos que já dobramos o cabo da boa esperança, que o tempo não volta e que já se foi a maior parte de nossa vida, neste planeta.

Portanto, acho mesmo que devemos valorizar o caminho que já percorremos e o tempo que teremos para fazer o resto de nossa estrada.

Se quer dançar, dance. Vá ao cinema quando desejar, coma aquele doce de que você tanto gosta, faça pipoca pra ver TV… Sei lá, só não fique adiando planos, mesmo que sejam os mais simples.

Isso também vale para os pedidos de desculpas que não fez, aquela declaração que não disse, aquela visita que você vive adiando.

Gente, vá viver a vida! Não fique pela metade.

Casa de alemã

Casa de alemã, é assim que uma amiga, dona de antiquário, fala da minha. Isso porque amo porcelana, como não tenho espaço, coleciono xícaras de cafezinho, lindas. Todas elas porcelana antiga, cheias de histórias, que desconheço.

Minha pequena cristaleira não sabe mais como acolher mais uma rsrsrs…

Quando criança gostava de abrir o armário da minha mãe e admirar, de longe, a louça ali guardada, muitas herança da minha avó paterna. Sim, era de muito longe, nenhuma mãozinha podia triscar por ali, então abria a porta e ficava namorando.

Dessas poucas coisas sobraram, eu mudei para Brasília, deixei o sul e tudo o mais ficou para trás. Mas as lembranças não!

Então, quando a Silvia abriu o antiquário, resolvi voltar no tempo e concretizar um sonho, decorar minha casa com louças, como minhas avós faziam.

Gente, elas são um sonho de lindas, minha paixão!

Lisboa, um amor antigo

Lisboa - ultimo dia_choro

O que dizer de um lugar que você chora ao pisar, como se estivesse voltando depois de anos de saudade?!

Foi essa a emoção que senti ao chegar em Lisboa, estava voltando para a minha terra…

Planejei essa viagem por 10 anos. Comprei um guia de turismo, ainda em papel e fui lendo, sem ter a idéia de quando iria realizar esse meu sonho. Sabia que um dia essa expectativa iria se concretizar, isso eu tinha certeza!

Fiz essa viagem com duas grandes amigas, que me ajudaram a materializar um pensamento acalentado por muitos anos.

Já fui duas vezes a Portugal, por mim iria mais e outra vez, e de novo e novamente. Sem nunca cansar do meu lugar mágico.

Te convido a concretizar os teus sonhos… Vamos juntos?!

 

 

Tragédias pessoais


Todos nós temos as nossas tragedias pessoais, algumas menores outras não. Vou falar de uma que me atingiu na casa dos cinquenta anos, me testando a capacidade de superação no limite máximo.

Tive outras em minha vida, ainda jovem, a idade me ajudou a superar a perda do meu pai, do tio Juvenal, muitíssimo querido, da minha amada avó e de uma filha, ainda na gravidez, já adiantada, várias outras perdas, no decorrer da vida.

Mas aos cinquenta anos tudo parece ser mais lento, até a superação…

Em abril de 2015, a minha irmã de coração, amiga de uma vida, desapareceu, em Pelotas, cidade em que nasci e vivi por mais de trinta anos. Entrou em casa pela última vez na noite do dia 9. Cláudia Pinho Hartleben nunca mais seria vista!

Ainda lembro, com tristeza, do telefonema do meu filho me avisando, na madrugada do dia 11!  Sim, até a tarde do dia 10 poucos suspeitavam que ela estava desaparecida. Colegas da Universidade acharam estranho o não comparecimento dela a uma reunião, nunca faltou a um compromisso profissional, então começou a procura.

Sem saber o que fazer de longe, dediquei o meu primeiro blog para ela, hoje se chama: Para Cláudia – UMA MEMÓRIA ETERNA!

Boa parte dos meus cabelos ficou branca, um desaparecimento não é superável, nunca acaba. Apenas passei por ele e venci a depressão que começou a se instalar escrevendo sobre a Cláudia e para ela.

Ficou uma eterna saudade…

Reencontro 

IEAB

A vida nos proporciona alguns ótimos reencontros. Participo de um grupo de Whatsapp com antigos colegas de colégio, a maioria estudou junto do jardim de infância até a 8ª série em uma escola pública, aliás excelente.

Temos revivido histórias, memórias deliciosas. Essa semana, falávamos como foi boa aquela época, é uma unanimidade entre nós.  Talvez apenas uma nostálgica recordação.

Mas brincávamos na rua sem a preocupação da violência, muitos íam a pé e sozinhos para o colégio.

A nossa formação foi humanista, pautada no respeito ao próximo, à liberdade com responsabilidade e o reconhecimento dos limites. Sempre fomos avaliados a tanto por conhecimento quanto por comportamento.

Não era preciso recorrer a escola privada para ter educacao de qualidade. Escolas publicas excelentes não eram um sonho.

É para dar saudade mesmo…

Ótimo dia!