A história fará justiça

Eu queria começar pedindo desculpas pelas minhas duras palavras, caso discordem de mim, me deixem, ao menos desabafar a minha indignação e desgosto.

Provavelmente, vai ser um tom muito diferente daquele que eu costumo falar. Os 14 meses de distanciamento social amplifica o que me sinto, estou tolhida por esta pandemia, a quem não me entrego, mentalmente.

A impotência de não poder fazer, absolutamente nada, de ver a minha vida e o meu futuro nas mãos de governantes inaptos, inéptos, descomprometidos com a sua humanidade, me tira do eixo diplomático, que busco usar nos meus textos.

Transbordei em indignação!

É que eu ando emputecida com a situação de pandemia no Brasil, não aguento mais ver tanta gente morrendo pelo coronavirus, ou pela falta de atendimento, pela superlotação que a covid impõe aos hospitais.

Já temos vacina no mundo. Não há explicação plausível para as milhares de mortes acontecendo, todos os dias, por infindáveis meses.

Tanta gente poderia ter sido poupada, por que não se comprou vacina em 2020? Por quê?!

Famílias, tantas, em luto. Crianças órfãs, bebês morrendo, grávidas em risco e várias, muitas pessoas simplesmente não se importam.

Eu não acredito que eu estou vivendo num Brasil distópico, pessoas em realidade paralela, desconhecendo e menosprezando a ciência.

Estou há um ano em casa, mas vendo meu marido ter que trabalhar todos os dias. Seguramos um a mão do outro e enfrentamos esses dias com corajem.

Ele usa todos os recursos de proteção. Mantém distância de gente maluca na rua, de quem brinca com o perigo, que tenta dar a mão, abraçar, conversar sem máscara, ele vai desviando de todas as formas desse mortal vírus, de que muitos desdenham.

Estou de saco cheio desse governo genocida, desse legislativo cúmplice, dessa justiça paliativa. Dessas pessoas que não cuidaram para que o Brasil tivesse vacina a tempo e a hora.

Todos, que nos sabotaram, negam a realidade, se omitiram, nos infligiram essa tragédia brasileira, lavem as suas mãos, mas a história as mostrará em vermelho.

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Eleição e pós verdade

Este texto vai ser sobre eleições, plebiscitos, consultas populares, sobre a manipulação das populações, explorando pessoas suscetíveis e seus medos.

A política é uma das minhas áreas de atuação e tento me manter atualizada sobre ela, de uma maneira mais completa e analítica.

Não recorro simplesmente a fontes jornalísticas brasileiras, também recorro às internacionais, que acredito serem mais isentas e fidedignas.

Assisto a todos os documentários, de 2016 para cá, sobre Brexit, eleições pelo mundo, campanhas políticas.

Eleição é um negócio, como todo negócio é manipulável. Não estou falando de contagem de votos, estou falando da cabeça do eleitor, cujos hábitos, gostos, repúdios, perfil de consumo, todo o seu jeito de viver, viraram algoritmos e foram vendidos. Negócio bilionário!

Vou compartilhar aqui filmes, documentários, ficções baseados em fatos reais, que indico.

Dois documentários imprescindíveis Brexit e The Great Hack. Uma série sobre pós verdade, Years and Years. Um filme baseado em fatos reais, Lavanderia.

Há um ano, mais ou menos, eu assisti a um vídeo impecável do YouTuber Slow, Canal do Slow 62, sobre Bolsonaro e Steve Bannon.

Ele fez um trabalho de levantamento primoroso, de como o financiamento de campanhas políticas estava usando as redes sociais, para manipular o voto dos eleitores.

Documentou todos os fatos a que se referiu, indicando as fontes. Impressionante foi assistir depois o documentário The Great Hack, lançado este ano, confirmando toda a análise do Slow.

Não há como ter esperança quando você vê o dinheiro correndo solto, em detrimento da democracia.

Carole Cadwalladr, ganhadora do prêmio Pulitzer, denunciou o Facebook, a Cambridge Analytica, a SCL, fazendo como jornalista um levantamento investigativo de como essas empresas influenciaram os eleitores e mudaram o seu voto.

Ela exemplifica os testes feitos em pequenos países, antes da eleição de Donald Trump, onde depois os mesmos métodos foram utilizados, com muito, mas muito dinheiro, usando os algoritmos do Facebook, providenciados pela Cambridge.

Estamos na época da pós verdade de Steve Bannon e sua política de ultra direita. Para ele a realidade tem que ser quebrada, destruída, para a criação de uma nova era. Propõe conflitos, usa as pessoas e as torna menos humanas, explora seus medos, com mentiras, surgem os anticomunistas, racistas, homofóbicos, xenófobos, misóginos.

Bem-vindo à nova era da pós verdade, onde a história e os fatos são irrelevantes e os algoritmos, das redes sociais, realmente fazem a sua cabeça!

Para quem viveu a política como uma ciência, a vontade é de sentar e chorar, mas a luta pela democracia tem que continuar.

Querido diário – pausa

Não sei vocês, mas cada vez que eu vejo as falas e ações desse governo, me sinto doente, aliás, eu realmente adoeci, me tornei uma pessoa cardíaca.

Então, abandonei o meu querido diário, por um tempo, para poder respirar, me restabelecer e voltar à resistência, de uma forma mais objetiva.

É muita ignorância, falta de humanidade, de discernimento, abandono da dignidade e justiça.

Adoece quem tem por objetivo de vida os valores humanitários.

Quando nos tornamos um povo tão doente, com tanto ódio, que ri e apoia atrocidades, que tem sangue nos olhos, quando isso aconteceu?!

Quanto tempo vamos levar para recuperar a dignidade de ser brasileiro?!

Tenho uma sugestão para vocês, busquem se informar e fazer uma resistência efetiva, mas também busquem se distrair, fazer alguma atividade que traga alegria a sua vida.

Precisamos voltar a ter felicidade no Brasil, só voltaremos à condição humana se formos um povo alegre, com menos ódio no coração.

Resistência amo vocês!

Querido diário – insanidade

Querido diário é tanta besteira que eu ouço…

O mandatário maior do Brasil fala as maiores atrocidades e seus asseclas repercutem e batem palmas, eu penso estar vivendo na Matrix.

Nepotismo é normal, tortura salvou o Brasil e torturador é herói brasileiro. Dados científicos negativos são uma balela, que não devem ser divulgados, pra não estragar o progresso brasileiro. Quando se deveria, na verdade, corrigir os erros que têm sido cometidos. Gastos com cartão de crédito corporativo da Presidência da república são sigilosos, quando deveriam ser abertos e com transparência.

Normalizaram a mediocridade, a incompetência, a falta de noção, o desmando, o autoritarismo, o descumprimento da lei, porque os fins justificam os meios e Justiça boa é aquela que aniquila com o meu inimigo.

Direitos humanos é coisa para proteger vagabundo e não conquistas históricas mundiais, advindas da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França 1789) e da Organização das Nações Unidas (ONU) que, em 1948, criou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Eles são todos os direitos e liberdades básicas, considerados fundamentais para dignidade humana. “São direitos humanos básicos: direito à vida, à liberdade de expressão de opinião e de religião, direito à saúde, à educação e ao trabalho.”

Então, na Matrix, querido diário, ser humano e preservar valores básicos de convivência e respeito é ser fraco, é ter bandido de estimação, apoiar corrupto, ser esquerdopata, petralha e comunista.

Se o presidente da república chama torturador de herói, deixa, isso é uma bobagem, ele é assim mesmo…

Chorem todos os que um dia foram torturados, ou que perderam seus entes queridos na tortura.

Querido diário a Matrix é a idade das trevas. Estão surdos e cegos, não mudos, mas loucos!

Querido diário – eu não quero perder a esperança

O meu marido às vezes pede, que nos finais de semana, eu não acesse os canais políticos, ele sabe da minha constante preocupação, com o nosso país e o nosso povo brasileiro, muitas noites perco o sono, mas eu não consigo, está em mim acompanhar a política o tempo todo, é de família e de profissão.

Ele sabe o quanto o crescimento do feminicídio, das pessoas desamparadas, as agressões aos LGBTs, ao meio ambiente, aos mais pobres, aos indígenas, aos pequenos agricultores, a educação, a saúde, com tantas agressões a tudo e a todos, eu devo estar esquecendo alguma área aqui, me desestabilizam.

Difícil manter a esperança, querido diário, quando vejo que este desgoverno ainda tem tanto apoio, é desumano!

Ser a resistência nessas horas nefastas traz uma dupla responsabilidade, conosco e com os outros. Você sabe que não pode parar, que não pode se abater, que não pode deixar pra lá, em nenhum momento, em nenhuma hora.

O cansaço emocional chega, nos abala, nessa hora precisamos nos afastar temporariamente, para renovar as energias e voltar a defesa inquestionável dos valores humanos.

Quando vejo a declaração do Candido Bracher, presidente do banco Itaú Unibanco, confesso que perco parte da esperança no ser humano: “As reformas deixam o Brasil em uma situação tão boa como eu nunca vi em minha carreira”.

Boa para quem querido diário?! Para os quase 13 milhões de desempregados, para as pessoas que estão morrendo de frio nas ruas, para os desabrigados em número crescente, dormindo embaixo das marquises, para a fome que voltou ao Brasil, o país está bom para quem?!

Está bom para quem investe em bancos, bolsa de valores, que vivem do capital pelo capital. Esses realmente comemoram.

Ai lembro da propaganda dos Médicos sem fronteiras, que fala: “podemos ser violentos, insensíveis, cruéis, egoístas, indiferentes, mas só quem pode salvar a vida de um ser humano é outro ser humano.” Aí eu respiro fundo e penso que um de nós pode salvar o outro.

Todos os dias recomeçamos, porque somos a #resistência!

Querido diário – o mito, a demência e as trevas

Eu tenho uma página no Facebook, onde eu não coloco absolutamente nada de política, porque eu ainda respeito as pessoas que votaram nessa criatura, que temos com o presidente, porque eu sempre respeitei a democracia.

Também porque acho que, momentos de otimismo e de alívio mental, são benéficos, bem-vindos é necessários, na atual conjuntura.

Vez ou outra algum leitor percebe que sou de esquerda e vem criticar a minha posição, apesar do meu respeito aos meus curtidores sobre política. Deixo passar.

A minha opção política é inclusiva. Não consigo viver sem olhar para os lados. O meu projeto de vida sempre foi para mim e para os outros, não entendo o dinheiro pelo dinheiro.

Mas quando se vê a democracia ser atacada, por um demente, que foi colocado como uma criatura útil, para que as elites do atraso, no Brasil, pudessem fazer as reformas econômica, ao seu bel prazer, desconstruindo anos de conquistas de políticas sociais, me dá um desespero.

É uma afronta ao estado democrático de direito, todos os dias.

Nunca vi tanta gente desabrigada na rua, como neste inverno. A violência expondo seus percentuais crescentes.

Está doendo viver neste Brasil desumano, hipócrita, devastador, desrespeitoso, indigno e injusto.

Querido diário não tenho e nunca tive político de estimação, mas aqueles que colocavam o dedo na nossa cara e que ainda colocam, eles tem!

Defendem um absurdo atrás de outro absurdo, que essa criatura, que se diz presidente, faz e ainda gritam, mito!

Nepotismo normal, agressão normal, falta de educação normal, demência normal, preguiça normal! Normalizaram inimagináveis atitudes, a falta de ética e a falta de humanidade.

Quero crer querido diário, que essa fase de trevas no Brasil irá passar, mas não sei e tenho medo do que irá restar.

A fotografia do quadro não está das melhores, a fiz no Museu de Arte Contemporânea – MAC, em São Paulo, porque ali enxerguei o Brasil atual, o nome: A bestialidade avança.

O que você aprendeu

Você aprendeu que o equilíbrio da natureza é importante.

Você aprendeu que as árvores são importantes.

Você aprendeu que a água é ainda mais importante, pois sem ela não há vida.

Você aprendeu que quanto mais natural a comida, melhor para o seu corpo.

Você aprendeu que tem que ter esgoto, porque a falta dele traz muitas doenças.

Você aprendeu que é importante vacinar os seus filhos, para que eles não fiquem doentes e para que as doenças possam ser erradicadas.

Você aprendeu que uma educação de qualidade pode dar futuro para o seu filho.

Você aprendeu que a ciência é importante para o país avançar e se desenvolver.

Você aprendeu que quando não paga uma dívida, ou seus impostos, você será cobrado com juros e correção monetária.

Então,

Por que você aceita:

  • as agressões à natureza e a destruição das florestas e áreas de preservação ambiental Amazônia;
  • a aprovação de mais de 400 tipos de agrotóxicos, que contaminam a sua comida e a água que você bebe;
  • que digam que vacina causa doenças;
  • que não haja nenhum planejamento no Ministério da Educação, depois de mais de 100 dias de governo;
  • que o governo corte as bolsas de iniciação científica e de desenvolvimento científico;
  • que empresários não paguem suas dívidas com o governo e soneguem impostos;
  • que cortem os seus direitos e dêm mais direitos a quem tem dinheiro?!

Por que cargas você aceita tudo isso?!

A Esperada Reflexão da Esquerda

Meu texto se refere a uma reflexão, despertada pelos fatos que vem ocorrendo no Ceará, neste inicio de 2019. Os ataques criminosos aos bancos, transportes e repartições públicas, com reflexos e impactos imediatos para a população.

Uma pessoa conhecida, descreveu como uma ação política orquestrada pela oposição ao governo federal, executadas pelo PT e pelo PSOL, aliados ao PCC, Primeiro Comando da Capital. Que triste e equivocada comparação de dois partidos políticos de esquerda com uma facção criminosa.

Em parte eu entendo o gatilho para esse pensamento, ela é responsável pela renda da família, foi assaltada na rua, o ladrão levou o dinheiro e o celular. Seu trabalho é de atendimento domiciliar, o celular guarda os contatos de suas clientes, todos os compromissos da agenda, que se foram com o telefone. Um prejuízo de uma semana inteira de trabalho. Culpa o governo pela escalada da violência.

Quem vê o crescente desemprego e o desalento dos desempregados, que sofreu violência, ou não teve atendimento médico no SUS, ou ainda enfrentou problemas com a educação de seus filhos, olha para os governantes com desconfiança. Somente o discurso político de promessa, que não atende às suas necessidades imediatas e suas prioridades, não conquista atenção e o voto. A população quer ação rápida e precisa.

Como falou Mano Brown, a esquerda se afastou da população e da periferia, que antes nela votava, não reconhece mais as suas necessidades.

As pessoas que votaram em Bolsonaro acham que a criminalidade e a violência emergiram da corrupção e das políticas implantadas pelo PT. Assim como pensam que a esquerda é responsável por toda a corrupção do Brasil.

O PT sequer lidera o ranking de partido mais corrupto ou mais citado na lava jato.

Preferiram esquecer os desvios das verbas públicas, que varrem a nossa política desde o Império e votar em quem prometeu soluções mágicas e armas.

Agora faço o papel de advogado do diabo, elencando alguns diferentes momentos políticos.

  • Fernando Henrique Cardoso é associado ao plano real e à estabilidade econômica, aquele que proporcionou a superação da era inflacionária;
  • O Ministério Público Federal – MPF, a Policia Federal – PF e a Polícia Rodoviária Federal – PRF, em sua maioria, viraram oposição à esquerda, de quem foram beneficiários, pela abertura dos inúmeros concursos públicos, e tendo a necessária liberdade para fazer ampla investigação sobre desvios e corrupção;
  • O clientelista baixo clero do Congresso Nacional, que é a atual base do governo empossado, e é quem mais demanda verbas parlamentares em troca de apoio e favores políticos, foi fundamental para o impeachment da Presidente Dilma Rousseff, alegando pedaladas fiscais, amplamente usadas por seu sucessor;
  • Usuários do FIES, ENEM e SISU, em sua maioria, não votou no HADDAD, que implantou esses programas;
  • Os eleitores, com exceção do Nordeste, não reconheceram as conquistas alcançadas pelas políticas sociais de que foram beneficiários.

Além da questão do preconceito social e da questão cultural, para a interpretação desse cenário, também existe uma questão econômica.

Quando as classes C, D e E conseguiram ascender, tiveram ganhos econômicos e sociais efetivos, passaram a ser consumidores de fato, migrando um ou dois degraus acima.

Como disse Pepe Mujica, elas aprenderam a consumir e não a reconhecer que isso foi ganho com políticas públicas, para classes sociais menos privilegiadas.

A falta de equilíbrio econômico do nosso país, onde 1% detém toda a riqueza dos outros 99%, faz com que essa sociedade tenha sempre o medo de empobrecer, perder seus privilégios e voltar para a zona de pobreza.

A esquerda tem fazer uma profunda análise, para saber onde errou, para que tenha alguma perspectiva de aproximação dessa população, que se sente por ela abandonada e traída. Como irá conquistar novamente a confiança desta gente?!