Olho no espelho vendo as rugas e marcas do tempo,.Não aprendi a esquecer, descobri isso, revendo nelas minha vida e as situações pelas quais passei, deixaram trilhas na face.
Restaram muitas alegrias, inúmeras mágoas.
Eu sinto falta de quem amo, das pessoas que passaram pela minha vida deixando bons sentimentos, eu sinto falta das boas conversas, eu sinto falta das amizades que achei ter conquistado.
Mas, passados alguns anos, as pessoas simplesmente se foram, cumpriram seu destino.
Então, finge-se estar bem, siga sorrindo, porque todos têm seus próprios fardos, não querem ser incomodados, querem rir, leveza, conviver consigo já não é fácil, se você é um peso a mais, por favor, se afaste.
Sua boca profere palavras rasgadas, como raios disparados, na verdade, uma súplica: me olha, me enxerga, fala comigo, pergunta como eu estou, me acolhe.
Sinais transversos não são entendidos, são apartados…
Há uma sensação de abandono, aquela convivência de anos, perdida em um dia, a crível amizade e a sensação de permanência que escorre pelas mãos num piscar de olhos.
Existem dias de fardos maiores, em que a balança desequilibrada faz a alma jorrar.
A sensação é de caminhar por um campo, largando pelo caminho fardos de feno, que se acumularam nos ombros, anos a fio, sobrecarregando o corpo cansado.
Imperceptíveis, nem todos caem, alguns ficam presos às pernas, acrescentam o peso da vida a caminhada.
Entre fenos perdidos e adquiridos, segue-se a vida, pedindo que os fardos restem mais no campo que nas pernas.