Quase quatro meses

Hoje, depois de quase quatro meses, eu vi meu filho, pela primeira vez, sem abraço, mantendo a distância de 2 metros, ele todo paramentado e usando uma máscara do Coringa, a sua predileta.

Esse foi o cuidado extremo dele, com a minha saúde, pela minha imunodeficiência.

Veio cedo até minha casa pegar dois notebooks antigos, para que as crianças das escolas públicas do DF possam fazer aulas online, iniciativa da minha nora, que tem pedido a todos os conhecidos.

O mundo está precisando de solidariedade, empatia, respeito.

Me deixa feliz saber que, aquilo que seria um lixo eletrônico, vai ser de grande serventia para as crianças sem recursos, neste momento de pandemia.

Foi muito bom estar com o Mateus, mas, olhando a foto, meu ser se toma por uma grande tristeza, me pergunto quanto tempo ainda vou levar para abraçar os meus filhos e os meus netos.

Desde o dia 14 de março saí uma única vez, com o meu marido, parceiro e incrível companheiro, para ir ao posto de vacinação, me vacinar contra H1N1.

Costumo brincar que não tenho problemas em ficar sozinha, gosto muito da minha companhia, meu marido é um dos que precisam trabalhar, mas estar alijada do convívio social de quem amo, traz uma emoção muito grande de melancolia.

Nessas horas me pergunto porque temos um desgoverno tão ordinário, que flerta com a morte o tempo todo, que só pensa em aumentar os limites de velocidade, tirar a segurança dos automóveis, em dar armamentos para a população, em dizer que uma pandemia é uma gripezinha, fico indignada.

A cada dia, dessa administração tosca, sou afastada da minha família. Aumenta o tempo de distanciamento social, dos abraços, dos beijos, das demonstrações de afeto.

Sou afetada intensamente por isso, minha raiva aumenta, pela desumanidade com que as pessoas são tratadas.

Ouvi, pela manhã, o reitor Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, sobre os últimos resultados da pesquisa ecovid, coordenada pessoalmente por ele.

Ele relata as proporções étnicas, sociais e econômicas dessa pandemia. Os indígenas morrem cinco vezes mais do que o restante da população brasileira.

O coronavírus é uma doença trazida da Europa pelos brasileiros ricos, que mata mais a população pobre, que não tem condições de manter distanciamento social e, muitas vezes, sequer tem sabão para lavar as mãos, que precisa sair as ruas, usar transporte público para trabalhar e colocar comida em casa.

O coração aperta, mesmo triste, eu ainda estou em vantagem.

Que saiam os políticos e entrem os administradores públicos, assim pode ser que o Brasil tenha alguma chance. Por enquanto, o meu sentimento é de desesperança, devido a irresponsabilidade política dessas criaturas.

Que desconsolo… Diante dos fatos, resta uma opção, rezar…

Filho foi muito bom te ver❣

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Comunhão (AF)

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Estranho perceber
Que a vida pode ser muito mais
Mais carinho, ternura, afeto…
E, isso, aos poucos me tomar conta
De uma forma inusitada
Como se o universo me penetrasse
Fazendo aflorar todos os sentidos do corpo
E saber, que você amado e desconhecido
Venceu as muralhas que resistiam bravamente
Para que finalmente eu fosse sua
Sem restrições, só sua!
Apenas sentindo …
Comungando em seu corpo
Sem nunca tê-lo tocado
Mas sendo completamente tocada por você
Não sei se isso é poesia,
Só sei que meu corpo leu cada verso!

poesia Adrianafetter

O seu melhor tempo é o presente

Aqui e agora

Como você está tratando as pessoas que vivem ao seu lado? Como você reage a um carinho, quando alguém fala com você, mesmo que você esteja ocupado?

Não deixe para depois, porque o seu melhor tempo é agora, o amanhã pode ou não acontecer, tudo muda em um segundo. Muitas vezes não temos segunda chance de dar atenção ou afeto.

É tão triste nos arrependermos de não ter feito alguma coisa, ou quando gostaríamos de ter feito diferente, gostaríamos de ter dado mais atenção e mais carinho a uma pessoa e isso não aconteceu.

O tempo nunca volta ele aqui e agora.

Uma frase que a minha mãe sempre disse: ajuda de criança é pouca mas quem recusa é louca . Carrego isso comigo.

Muitas vezes, quando estamos ocupados, nosso filho pequeno chega e tentar de alguma forma chamar nossa atenção, ou tenta ajudar, ou ainda nos conversar, a irritação por vezes é imediata, porque vamos perder tempo. Pondere, nem sempre você terá seu filho seu lado por toda vida.

As crianças crescem e vão viver a suas vidas o tempo que temos é o aqui e agora. Será que realmente não podemos perder cinco minutos?!

Que sociedade é essa em que vivemos que não podemos parar para atender a quem amamos, porque estamos sempre ocupados?

Temos que repensar a importância do nosso tempo, das pessoas em nossas vidas e que relação temos com cada uma delas.

Tem gente que vem e passa por que cumpriu sua missão em nossas vidas, ao nosso lado, tem gente que ficará para sempre conosco, ou na nossa lembrança.

Uma coisa que eu sempre tentei fazer na minha vida foi acompanhar a quem eu amo, não deixar para depois o meu afeto, não ter arrependimento na despedida.

Dei esse exemplo para o meus filhos, que, mesmo morando longe, sempre viajaram para visitar seus bisavós e seus avós, porque isso tem que ser feito em vida, demonstrar o amor no agora.

Coloquei uma música aí em cima e outra aqui embaixo, parem para ouvir, percam alguns minutos, porque o amanhã é o passado, o futuro é incerto e o que temos é o presente, o aqui e agora.

A vida se resume em encontros e despedidas , vamos nos amar mais.

Eu filha, eu mãe

Este é o texto que resolvi fazer pelo Dia das Mães.

Não vou aqui glorificar a maternidade, vou tentar ser o mais honesta e real possível, porque eu acredito que assim é a vida, momentos de amor e alguns de quase pesadelos.

Essa é a minha realidade de vida, algumas pessoas poderão se identificar outras não, é a minha história como filha e como mãe.

Ser criada em uma família de mãe com origem alemã não foi fácil, as mães alemãs não demonstram muito os sentimentos, isso seria sinal de fraqueza. Minha infância foi difícil, não queria isso para os meus filhos.

As exigências para com os filhos germânicos é quase de perfeição. Além disso não espere demonstrações de afeto. Minha avó, que amo profundamente, não está mais entre nós, demonstrava o seu gostar pelos netos pela comida, você recebia dela lanches no meio da manhã ou tarde deliciosos, doces após o almoço e seu bolo de aniversário predileto.

Minha mãe não cozinhava, era católica, quase carola, foi educada em colégio de freiras, tinha muitas dificuldades em demonstrar afeto, achava que educar era ser rígida, quase não apanhei, mas sofri com o que considerava frieza. Já com os netos crianças ela brincava como uma menina da mesma idade.

Um dia, conversando, ela me perguntou de que maneira eu havia construído a minha relação com os meus filhos. Estávamos sempre juntos, demonstrávamos o nosso amor, diferente da relação que nós duas tivemos. Como fui educada a ser distante com ela, não demonstrar afetividade, havia realmente uma distância respeitosa entre nós.

Sei que minha resposta foi dura, mas foi sincera e profunda: mãe, eu decidi fazer o oposto da nossa relação, resolvi demonstrar todos os meus sentimentos, abraçar e beijar sempre e permitir o diálogo aberto com os meus filhos.

Amei minha mãe, tivemos muitas dificuldades vida afora, mas aprendi a respeitar todos os seus bloqueios, eles foram um exemplo do oposto para mim. Percebi o que não deveria ser feito na educação dos meus filhos.

Ficamos mais próximas, a velhice dela e a minha maturidade nos uniu.

Feliz dia das Mães!

Saudade (AF)

A intensidade é um momento efêmero,

A saudade é o coração que nos fala,

O afeto é a demonstração do sentimento,

É quando o coração transborda e a alma fala pelo olhar,

Tudo mais não interessa

– só mais um pouco…

Um pouco mais sentimento,

Só mais um momento junto,

Nem que seja em minha mente!

Poesia de Adrianafetter