
Grata lembrança, com Paul Singer em um dos treinamentos do Casa Brasil
Existe saída para o desemprego, mas tem que haver um comprometimento e fomento do Governo Federal para isso, principalmente com os jovens.
Eu participei, há anos, de um projeto de inclusão digital, super integrado, a proposta continha: formulação de novos empregos, assistência às camadas das populações mais carentes, acesso aos serviços do governo, via internet, capacitação de pessoas e financiamento para aquisição de computadores.
Pode parecer confuso, inicialmente, mas eu explico.
Hoje quase todos os serviços do governo estão acessiveis via internet, mas existem camadas da população que não têm acesso a isso. Ou não tem acesso aos computadores, ou não tem internet em casa.
Assim foi planejado um programa para a criação de uma política de financiamento para aquisição de computadores pelas classes C e D e, para classe E, que não tinha sequer condições de adquirir um equipamento, o acesso a um local, para que essa população tivesse acesso a serviços de governo e suas políticas.
Somente um local com equipamentos não seria suficiente, teria que ter técnicos para auxiliar a essas pessoas, em seus primeiros contatos com as máquinas e tecnologias.
Havia a necessidade de capacitação dessa comunidade e, para tanto, seria utilizado os próprios recursos humanos dela.
A proposta era formar jovens moradores jovens que já tinham interesse em TI e dar-lhes certificação, em Linux, software livre, para que o governo não tivesse que pagar por licenças).
Esses mesmos jovens voltariam às suas comunidades e replicariam essa capacitação a outros jovens dali. Teriam, também o seu primeiro emprego, como técnico encarregado dos projetos comunitários, daquela região ou estado. Havendo, assim, um ciclo virtuoso de aprendizado.
E, essas comunidades carentes, seriam organizadas por pessoas encarregadas de fazerem o elo entre comunidade e governo.
O acesso ao financiamento dos computadores se deu com a articulação do governo com os grandes varejistas. Para tanto, o governo se comprometeu a baixar os impostos sobre esses equipamentos tecnológicos, fazendo assim que o preço do produto caísse e, em troca, o mesmo fosse parcelado em, no mínimo, 10 prestações.
Com isso, com o aumento das vendas, o mercado foi aquecido, por uma faixa da população que não costumava gastar com tecnologia. Mais um ciclo virtuoso.
Foi concedida pela Linux 150 bolsas para a capacitação e certificação dos jovens das comunidades.
A instalação de cada Casa Brasil, esse era o nome do projeto, foi feita em comunidades com baixo índice de IDH, onde a necessidade era premente e o acesso aos serviços de governo, urgentes.
Para casa região foi pensado outros tipos de serviços, conforme a característica e necessidades do local e de sua população.
Após dois anos de implementação, cada casa Brasil seria repassada para a gestão da prefeitura municipal, para que desse a subsistência necessária a sua continuidade.
Havia, também, um projeto irmão no governo, o ponto de cultura, dirigido à cultura digital. E um comitê de inclusão digital, que coordenava as ações na área.
O casa Brasil e o ponto de cultura tinham um conselho gestor, envolvendo diversos ministerios e foram concebidos por Sergio Amadeu e Celio Turino, respectivamente.
Como todo projeto de um governo, este também foi descontinuado. As prefeituras também não se prepararam para administrar essas casas.
E, hoje, das 154 casas implementadas, deve haver no máximo 10 ainda em funcionamento, mas fora do planejamento inicial.
Época de empatia nas politicas públicas de governo, as pessoas se preocupavam com as outras pessoas menos favorecidas. Saudade!