
Era uma menina em jardins de livro, Botticelli vivo, um doce suspiro.
Zéfiro soprou, flores desabrocharam, ninfas dançaram e ela sonhou.
Acreditou na vida só de flor e cor, só de branda dança, eterna doçura.
Mas o tempo ensina outra lição: a primavera é vento, mudança e ciclos.
São frutos que caem, raízes no frio, coragem que brota no solo vazio.
Ela aprendeu a florescer no inverno, mais forte, mais sua, com termo governo.
Agora ela é Flora, é a Primavera, é a tinta e a história que a vida gera.
Carrega o mistério da obra de arte, e a eterna semente em seu peito parte.
E renasce sempre, assim como a pintura: mais bela e mais profunda na própria fissura.
Poesia de AdrianaFetter