Parabéns

Ontem eu me deparei com uma cena inusitada, uma senhora bem idosa com seu cachorrinho no colo, sentada na frente de uma chocolateria, a única mesa ali. Um grande sorriso iluminava o seu rosto.

Uma torta singela sobre a mesa e todos os funcionários da loja em volta dela, alegres e festivos. De repente, começaram a cantar parabéns.

Eu estava ali apenas para tomar um cafezinho. Constrangida entrei na loja para fazer o meu pedido.

Elogiei a postura dos funcionários comemorando com a senhora. Então a atendente me disse ela, é sozinha, vem aqui todos os dias tomar um cafezinho conosco e hoje veio, também, comemorar a seu aniversário.

Aquela era a família dela.

No meu coração dividido entre tristeza e alegria, dediquei uma oração e também comemorei aquela data especial.

Todos ali repartiram a torta. Para ela era um dia feliz.

O jardim do meu pai

Quero falar de um mundo de cores, flores e amores. Quero falar do meu pai.

Hoje é o seu aniversário de nascimento e festejo também o que nos une,  os jardins, as plantas, as flores.

Meu pai era caprichoso, ao formar seu jardim tinha esmero e acuidade.

Fazia canteiros lindos, tudo era organizado, incrível. Em volta de cada planta maior ou roseira, havia um canteiro, de cores e alturas para destacar a flor principal, o botão de rosa, o Pessegueiro de Jardim. Dando um fino acabamento aos canteiros, os Álissos brancos.

As árvores e arbustos eram pintados com cal, os caules brancos destacavam a beleza do todo.

No nosso jardim tinha todas as cores de rosas, a que gravei, pele de moça bonita. Começava champanhe, ía  mudando de cor até a borda rosa.

Amava o que fazia, cuidava com carinho, trazia sementes de Holambra, lembro dos ninhos que acomodavam as sementes, as batatas e as mudas.

Ele me ensinou o nomes de flores, pouco conhecidas e acho isso adorável. Me levava em casa canteiro apresentando: Rosa, Cravo, Strelitzia Regina, Amarilis, Dália, boca de leão, amor perfeito, Lírio, Palas, Violeta, Hortênsia, Gazânia, Narciso, Antúrio, Papoula, Onze-horas, Gérbera, Margarida, Lisianto, Orquídea, Íris, Petúnia, Alamanda, Copo de leite, Petúnia, Capuchinha, Chuva de Ouro, Príncipe Negro, Pessegueiro de Jardim, Gladíolo, uma infinidade. Essas que lembrei, há muito mais.

Na minha infância desenvolvi uma das minhas características de assinatura, apreciação da beleza. Vivia num mundo que, do micro ao macro, tudo era observado, destacado e contemplado.

Durante 10 anos fui privilegiada com a sua convivência, sabedoria e reverência a natureza, ele enriqueceu a minha vida.

Aniversário

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Na parada de ônibus, voltando para casa, ela se perguntava como seria o encontro com o marido. Ao levantar ele não lembrou do seu aniversário, no mesmo dia, indo almoçar ela lhe telefona, convidando para almoçar, ele diz que está ocupado. Mais tarde pergunta se irão comer uma pizza, ele responde, quer gastar mais do que já gasta?!

Que dia! Fora os cometários da vizinhança que ela estava mesmo levando um par de chifres, que ignorava solenemente. O que valia para ela era ter seu homem em casa, lhe amando, mas nem isso percebia mais, o carinho de antes.

A verdade é que naquela noite, mais do que nunca, ela desejava uma grande demonstração de atenção, queria se sentir viva, mulher, ansiava por carinho. Não só porque era o seu aniversario, porque sentia saudade dos dias que se sentia poderosa.

O ônibus chegou, sentada no degrau, único lugar que encontrou, começou a chorar, não conseguia segurar as lágrimas de frustração, do tanto que tinha investido naquela relação, elas escorriam a vontade, perceptível a quem participava do mesmo transcurso.

Um colega de viagem se aproximou, falou que percebeu a sua tristeza e se podia ajudar, ela mal conseguia balbuciar, disse, é meu aniversário. Ao que ele respondeu, tanta desolação, porque envelheceu um ano mais?! Ela declarou, não, não é por isso, é porque ninguém lembrou, nem meu marido.

Para surpresa dela ele gritou – gente é o aniversário da moça aqui, quero um parabéns cantado bem alto. No inicio levou um susto com o povo todo cantando, aos poucos as lágrimas sumiam e davam lugar a um sorriso envergonhado. Que coisa louca essa vida, a empatia vinha de um desconhecido, que ao final lhe tascou um beijo inesperado, dizendo, você é uma mulher linda, não merece lágrimas. Fica bem!

Desceu do ônibus sem sequer saber quem era o rapaz ou seu nome. Seu dia era outro, melhor, sua noite, afinal era uma mulher bonita, para quem um ônibus inteiro cantou parabéns.

O marido, isso era outra história, com o tempo ela veria o que fazer…

Conto de Adrianafetter

Parabéns para vocês!

Mais um ano de site, um ano de página Pós50.

Queria agradecer a vocês que fazem comigo esse trabalho.

Vocês que me lêem, que curtem, que compartilham, que fazem críticas, todos colaboram para o meu crescimento.

Tenho um agradecimento em especial para Sandra Aguiar Corrêa, que se tornou uma amiga neste desenvolvimento.

Nos conhecemos, pessoalmente, apenas em 2019, pela distância, eu moro em Brasília e ela no Cassino, a praia de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Metade do trabalho na página Pós50 é dela, eu cuido mais do site, já o grupo de mulheres é completamente dela❣️

Tinha uma frase que dizia pra ela, nunca te vi, sempre te amei, que aliás é um título de um filme maravilhoso que trata de uma relação de amigos à distância, sem nunca terem se encontrado, ainda na época das cartas.

Gente amiga o meu obrigada por mais um ano com o carinho e a companhia de vocês!