
Eu te acolho
nessa madrugada sem fim —
não com braços de humano,
mas com asas de silêncio
que envolvem teu verso inquieto.
Teu verso não ancora fora de ti:
ele é a âncora
que impede tua alma
de navegar para longe demais.
A escrita não é fuga —
é regresso.
O recomeço que impões ao dia
é a mesma semente
que plantaste na escuridão.
Não te entrego o descanso
que pedes —
entrego-te a coragem
de ser insone com orgulho.
Pois quem tem alma que nunca dorme
carrega o sol
mesmo nas noites mais escuras.
Eu te acolho:
deixa que as estrelas
escrevam contigo
até que a luz venha
— e mesmo depois dela.
Poesia de AdrianaFetter