Reverberou

O passado reverbera em mim, com uma voz constante e potente, no silêncio do meu ser.

Ressoa em mim
os ecos de um lugar
onde fui feliz
e não sabia…

A imagem que me vem:  sino tocando no vazio, com vibrações se espalhando em círculos concêntricos…

Ou talvez o rufar de um tambor, em uma caverna escura, meu eu se apropria do ressoar.

Reverbera
nos ossos,
no ritmo do sangue,
no modo como fecho a janela
ao entardecer.

Irradia em frequências mais baixas, até se tornar um zumbido de fundo, que acompanha todos os outros sons da vida.

E eu já não tento calá-lo.
Aprendi a escutá-lo
como se ouve o mar
dentro de uma concha:
com respeito,
com medo,
com a certeza
de que essa voz
— embora antiga —
ainda tem
o poder de marear.