
Talvez eu vá ao parque caminhar hoje.
Talvez as palavras me visitem e eu escreva.
Auxiliadora me chamou pro cinema – talvez eu aceite.
Talvez eu viaje para o interior de Minas,
engolir montanhas com os olhos,
sentir o cheiro de terra e café coado…
(sempre quis).
Talvez eu pule de paraquedas –
aquele sonho antigo de cair para o céu.
Talvez comece natação segunda.
Talvez experimente aquele doce de geleia de araçá.
Talvez assista à série famosa
quando sobrar um buraco no tempo.
Talvez aquele homem lindo me veja
através da névoa dos seus fones.
Ou talvez não.
Talvez fique em casa.
Talvez chova.
E assim, de talvez em talvez,
a vida escorre entre os dedos
como areia.
Talvez você nunca faça
o que te incendeia por dentro.
Talvez vire espectadora
da própria existência.
Mas eis o segredo:
Talvez não é verbo.
Faça-se vida!