Usurpação, o dia que invadiram o Palácio do Planalto

Eu já usei essa mesa, ou uma idêntica, escolhi pela beleza do trabalho na madeira.

Eu trabalhei no gabinete pessoal do Presidente da República, no 3º andar.


Fui servidora da Presidência da República por 24 anos, 8 deles no gabinete pessoal, como adjunta.


A invasão de domingo também me invadiu, de tristeza, de perda, vi a mesa no meio das cenas de destruição, foi desolador, fui usurpada.

Nunca, trabalhando no 3° andar, tive a sensação que isso, um dia, poderia acontecer, nunca.


O espelho d’ água do Palácio Planalto não era previsto no projeto original de Oscar Niemeyer, foi construído em 1989, no final do governo Sarney, depois que um homem, dirigindo um ônibus, subiu a calçada do planalto e chegou até as pilastras.

Ali foi percebido a fragilidade da segurança do prédio. Se tivesse subido 2 rampas estaria no 3° andar, o do Presidente. Os protocolos foram revistos, o espelho foi instalado, como uma barreira física.


O palácio sempre foi guardado e protegido por seguranças, ligados ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), pelo batalhão da guarda presidencial (infantaria), ou pelo batalhão dos dragões da independência (cavalaria). Tem sempre parte da tropa de plantão, para proteger 4 palácios, o Planalto, o Alvorada, o Jaburu e a Granja do Torto, os ligados à presidência da República. Tem sempre segurança dentro dos prédios.

Mesmo sendo do corpo de servidores da presidência da república, depois que saí do gabinete, eu só poderia transitar me identificando na segurança das recepções.


Sei lá, me invade um sentimento de angústia, sempre me senti segura lá dentro, me pergunto onde estava essa gente, que sempre deu proteção…


Onde vocês estavam? Por que não protegeram o Palácio?

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