O jardim do meu pai

Quero falar de um mundo de cores, flores e amores. Quero falar do meu pai.

Hoje é o seu aniversário de nascimento e festejo também o que nos une,  os jardins, as plantas, as flores.

Meu pai era caprichoso, ao formar seu jardim tinha esmero e acuidade.

Fazia canteiros lindos, tudo era organizado, incrível. Em volta de cada planta maior ou roseira, havia um canteiro, de cores e alturas para destacar a flor principal, o botão de rosa, o Pessegueiro de Jardim. Dando um fino acabamento aos canteiros, os Álissos brancos.

As árvores e arbustos eram pintados com cal, os caules brancos destacavam a beleza do todo.

No nosso jardim tinha todas as cores de rosas, a que gravei, pele de moça bonita. Começava champanhe, ía  mudando de cor até a borda rosa.

Amava o que fazia, cuidava com carinho, trazia sementes de Holambra, lembro dos ninhos que acomodavam as sementes, as batatas e as mudas.

Ele me ensinou o nomes de flores, pouco conhecidas e acho isso adorável. Me levava em casa canteiro apresentando: Rosa, Cravo, Strelitzia Regina, Amarilis, Dália, boca de leão, amor perfeito, Lírio, Palas, Violeta, Hortênsia, Gazânia, Narciso, Antúrio, Papoula, Onze-horas, Gérbera, Margarida, Lisianto, Orquídea, Íris, Petúnia, Alamanda, Copo de leite, Petúnia, Capuchinha, Chuva de Ouro, Príncipe Negro, Pessegueiro de Jardim, Gladíolo, uma infinidade. Essas que lembrei, há muito mais.

Na minha infância desenvolvi uma das minhas características de assinatura, apreciação da beleza. Vivia num mundo que, do micro ao macro, tudo era observado, destacado e contemplado.

Durante 10 anos fui privilegiada com a sua convivência, sabedoria e reverência a natureza, ele enriqueceu a minha vida.

Flores e estrelas

Eu tive meu pai por 10 anos em minha vida , e, nossa, como ele foi importante nesse tempo!

Meu pai me fazia sentir amada.

Uma das melhores coisas da nossa convivência foi ele me ensinar sobre flores e estrelas e eu lembro delas até hoje.

Eu desejo a você que você tenha, sempre em sua vida, alguém que lhe ame e que lhe ensine sobre flores e estrelas.

Carta da D. Zilá para sua filha Cláudia – 29/10/2017

Claudia minha filha, 29/10/2017, há a cinquenta anos Deus colocava dentro do nosso lar uma estrela e junto com ela a luz, o amor e a felicidade.

No teu álbum de bebê escrevi este pensamento: trabalha estuda e ama, pois do trabalho vem o progresso, do estudo a luz e do amor a felicidade. Conquistastes tudo isso, eras a nossa menina de domingo.

Ficastes no lugar do teu pai , nos davas amparo e segurança, mas um dia a maldade te tirou de dentro da tua casa e te tirou também a vida, aquela que só Deus podia tirá-la.

Continuas conosco filha, em cada árvore, em cada flor.

Que Jesus te abençoe e te guarde e Maria santíssima te cubra com seu sagrado manto, te amamos!

Mãe.

Furacão interior – a infância na vida adulta – parte 2

Escrever sobre as implicações da infância na nossa vida adulta é muito pano pra manga, escrevi o suficiente pra três posts aí eu enxuguei bastante, ficaram dois, pra não ser cansativo. O primeiro publiquei ontem, hoje é continuidade.

É óbvio que sempre que eu escrevo estou falando sobre a minha vida, sobre as minhas incursões, minhas reflexões, eu não sei o quanto da minha perspectiva é válido para vocês, portanto façam suas reflexões, e me deem o devido desconto.

Seguidamente eu volto ao meu passado, e percorro todas as mudanças de trajetória da minha vida, os caminhos percorridos na infância em Pelotas até os dias atuais em Brasília.

Percebo que muitas das minhas reações frente a vida, com outras pessoas ou episódios, tem muito a ver com as mesmas de criança, são reflexos. Meus colegas de escola me consideravam muito séria, brava, hoje vejo que era apenas uma defesa.

Eu realmente era introspectiva, mas tinha meus motivos…

Tenho viajado pelos meus momentos críticos de vida, na infância, a perda do meu pai, depois a epilepsia. Sempre considerei meus percalços um obstáculo a superar para me fortalecer. Isso produziu uma pessoa sensível ao mesmo tempo uma fortaleza frente a vida. Parece um contrassenso, mas foi uma união perfeita, para o meu ser e para a minha sobrevivência.

A minha criança soube lutar da sua maneira, para me fazer chegar até aqui de forma completa. Não critique a sua criança interior, reflita e corrija o que for necessário na sua vida adulta.

Temos que aprender a conviver com nossos turbilhões e buscar a força, que muitas vezes nos falta, nas meninas e meninos que fomos.